Ecossistema de inovação
Nordeste supera o Sul e vira segundo maior polo de startups do Brasil
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 29/04/2025 às 10:16 AM

Duas capitais nordestinas vêm se destacando de forma consistente: Recife e Fortaleza já figuram entre as dez cidades com maior número de startups do país Foto: Freepik
Pela primeira vez, o Nordeste ultrapassou o Sul em número de startups e passou a ocupar a vice-liderança no ecossistema nacional de inovação, atrás apenas do Sudeste. Os dados estão no Sebrae Startups Report 2024, que mapeou mais de 18 mil empresas emergentes no país.
Segundo o levantamento, 23,5% das startups brasileiras estão na região Nordeste, enquanto o Sul concentra 21%. O Sudeste segue na frente, com 36%. Para o Sebrae, trata-se de um sinal claro da descentralização da inovação no Brasil, com novos polos ganhando força fora do eixo Rio-São Paulo.
“O Brasil vive uma descentralização da inovação, com novos polos surgindo fora dos grandes centros”, Décio Lima, comentou presidente do Sebrae. Iniciativas como os programas StartupNE e Inova Biomas vêm fortalecendo ecossistemas regionais desde 2022, ao lado de eventos como o NordesteOn, que conectam empreendedores, investidores e governos locais.
Ceará e Pernambuco ganham destaque
Duas capitais nordestinas vêm se destacando de forma consistente: Recife e Fortaleza já figuram entre as dez cidades com maior número de startups do país.
O Recife, inclusive, abriga o Porto Digital, parque tecnológico fundado em 2000 que se tornou referência em políticas públicas para inovação. A iniciativa une revitalização urbana e economia digital e hoje é um dos principais distritos de tecnologia da América Latina.
Fortaleza, por sua vez, tem avançado em áreas como tecnologia da informação, saúde e educação, que hoje concentram um terço das startups da região.
“O que vemos no Nordeste é uma transformação cultural nas capitais, com mais acesso a capacitação e incentivo para startups que respondem a desafios reais das comunidades locais”, destacou Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae.
Desafios persistem, mas diversidade avança
Apesar do crescimento, a maioria das startups nordestinas ainda está nos estágios iniciais: 22% em ideação e 33% em fase de validação. Apenas 3,7% chegaram à etapa de escala.
Também chama atenção o faturamento: mais da metade ainda não gera receita, e só 1,5% superam os R$ 4,8 milhões anuais. O cenário reforça a importância do apoio institucional para garantir a sustentabilidade dos negócios.
Por outro lado, o relatório mostra avanços na diversidade. A participação de mulheres como fundadoras ou sócias de startups saltou de 8,6% para 30,2% em um ano, reflexo de políticas de inclusão e programas de mentoria. Também cresce a presença de modelos de negócio voltados diretamente ao consumidor final, como o B2C e o B2B2C.
“A inovação é o motor econômico do país, mas o desafio é garantir que ela seja acessível para todos os brasileiros, independentemente da sua região ou origem”, conclui Quick. Para ele, o papel do Sebrae é servir como uma espécie de “escudo” para os pequenos negócios no cenário competitivo da nova economia.
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