Alexandre Cialdini afirmou que ferramentas digitais promovem mudanças organizacionais significativas na governança pública Foto: Dennis Moraes – Ascom Seplag

Durante o Triplo Fórum Internacional de Governança do Sul Global, realizado na última quinta-feira (12), no Centro de Eventos do Ceará, o secretário do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag-CE), Alexandre Cialdini, destacou o papel fundamental da transformação digital na modernização da gestão orçamentária pública. O evento reuniu especialistas e representantes de instituições nacionais e internacionais para discutir os desafios e oportunidades da governança pública em países do Sul Global na era digital.

Ao participar da mesa temática “Os atuais e novos indicadores de orçamentos públicos sob a perspectiva do Sul Global na era digital”, Cialdini apresentou as etapas da implementação de um governo digital: digitalização, transformação, engajamento e contextualização. Segundo ele, cada fase representa um avanço não apenas tecnológico, mas também na forma como o Estado se relaciona com a sociedade e administra os recursos públicos.

“O uso de ferramentas digitais permite mudanças organizacionais significativas na administração pública, como a reestruturação de funções de departamentos e a redefinição de atribuições de gestores públicos”, explicou o secretário. Ele ressaltou ainda que o objetivo central desse processo é melhorar a qualidade de vida da população, tornando o orçamento público mais integrado, participativo, transparente e orientado por dados.

Entre as ações da Seplag-CE, Cialdini citou o investimento em painéis de Business Intelligence (BI) para apoiar a tomada de decisões e ampliar a transparência na gestão pública. Além disso, a secretaria desenvolveu um estudo que mapeou 36 arranjos produtivos locais e 103 aglomerações econômicas no Ceará, destacando a importância da infraestrutura logística, como a Ferrovia Transnordestina e o Porto do Pecém, para o desenvolvimento econômico regional.

Durante o debate, Luís Fernando Vitagliano, assessor da presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fez uma reflexão crítica sobre o entendimento da sociedade em relação ao orçamento público. Ele alertou para o risco de interpretações individualistas e distorcidas sobre o conceito de recursos públicos. “O público é público, não é individual. Há um problema muito sério quando algumas narrativas tentam apropriar-se do orçamento público como se fosse um recurso pessoal”, afirmou.

Vitagliano também abordou os dilemas enfrentados pelas gestões públicas na definição de prioridades orçamentárias. Para ele, não existe uma “decisão perfeita”, pois toda escolha envolve benefícios e sacrifícios. O assessor defendeu que, mesmo com o avanço da inteligência artificial, as decisões orçamentárias devem continuar sendo pautadas por escolhas humanas conscientes e transparentes. “Por trás de cada indicador ou solução tecnológica, há decisões políticas que precisam ser compreendidas pela sociedade”, enfatizou.