EXPORTAÇÕES AMEAÇADAS
Produtos brasileiros como café, suco e carne são alvo de tarifa recorde de Trump
Por Redação - Em 10/07/2025 às 12:01 AM

O café brasileiro, símbolo tradicional da relação comercial entre os países, será um dos primeiros alvos afetados FOTO: Freepik
A surpreendente decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados a partir de 1º de agosto acendeu um alerta máximo entre líderes industriais e representantes de cadeias produtivas brasileiras. O anúncio, feito pelo presidente Donald Trump, pode redesenhar drasticamente o cenário das exportações brasileiras em 2025 — especialmente para setores que têm no mercado norte-americano sua principal fonte de receita.
Embora o comunicado tenha tomado contornos políticos — com Trump criticando o Supremo Tribunal Federal e o governo brasileiro — os efeitos práticos da medida tocam diretamente os pilares da economia nacional: agronegócio, têxtil, calçadista e de carnes. O temor é de que a tarifa desloque o Brasil da posição de fornecedor estratégico e afunde meses de recuperação comercial após o impacto da pandemia e da inflação global.
O café brasileiro, símbolo tradicional da relação comercial entre os países, será um dos primeiros alvos afetados. “Essa tarifa impacta diretamente o consumidor americano, que consome café brasileiro diariamente. O custo vai subir”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos. O Brasil fornece quase 30% de todo o café importado pelos EUA.
No setor de suco de laranja, o impacto será igualmente severo. Ibiapaba Netto, da CitrusBR, classificou a decisão como um golpe “não apenas ao Brasil, mas à indústria de sucos dos próprios Estados Unidos”, que depende do fornecimento brasileiro há décadas. Hoje, o Brasil é responsável por mais de 70% da laranja industrializada consumida em solo americano.
Já no mercado de calçados, que vinha demonstrando sinais de recuperação com exportações em alta, o clima é de frustração. “Essa tarifa é um balde de água fria. Estávamos começando a retomar nossa competitividade nos EUA”, declarou o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira. Os EUA são o maior comprador externo de calçados brasileiros — só no primeiro semestre de 2025, foram enviados quase 6 milhões de pares para lá.
O setor de carnes, dominado por gigantes como JBS, Minerva e Marfrig, também será fortemente penalizado. A Abiec, que representa os exportadores de carne bovina, afirmou que qualquer elevação tarifária compromete os acordos internacionais e afeta diretamente as cadeias produtivas do campo. “Estamos em contato com autoridades brasileiras e americanas para buscar caminhos diplomáticos”, destacou a entidade.
Brasil pode recorrer à OMC
Segundo especialistas em comércio exterior, o Brasil tem argumentos jurídicos para contestar a medida junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas os processos costumam ser lentos — e o impacto econômico é imediato.
“Há forte indício de uso político da tarifa, o que pode configurar violação de regras multilaterais. Mas, até que a OMC se manifeste, os setores afetados vão sentir o baque”, afirma Ana Cabral, economista e ex-diretora da Camex.
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