EXPORTAÇÕES CEARENSES

Amcham Ceará reúne CEOs para debater impactos do ‘tarifaço’ dos Estados Unidos

Por Marcelo Cabral - Em 23/08/2025 às 12:10 AM

Fabrízio Panzini destacou o alto percentual de produtos semiacabados de ferro e aço vendido aos EUA

A unidade regional da Amcham Brasil no Ceará promoveu, esta semana, um encontro estratégico com CEOs e executivos de alto escalão de algumas das principais empresas cearenses. O objetivo foi discutir os desdobramentos do novo pacote tarifário imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros – medida que atinge de forma contundente a economia do Ceará. O peso é expressivo: 44,9% das exportações cearenses têm como destino o mercado norte-americano, e a corrente de comércio entre o Estado e os EUA somou US$ 1,2 bilhão em 2024.

O debate ocorreu no âmbito do Comitê Estratégico de CEOs da Amcham Ceará, presidido por Júnior Miranda, sob a coordenação do gerente regional Frederico Sampaio. Quase 30 lideranças empresariais participaram do evento, cujo tema central foi ‘Geopolítica: Impactos e perspectivas para o Ceará e Brasil’. O encontro, realizado no restaurante Cabaña Del Primo, contou com patrocínio master da Moura Dubeux.

As exposições ficaram a cargo de Fabrízio Panzini, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil, e Ricardo Coimbra, professor de Política Macroeconômica da Universidade de Fortaleza (Unifor). Ambos destacaram os riscos do chamado ‘tarifaço’ de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente Donald Trump, e seus efeitos diretos sobre a economia cearense.

Opiniões semelhantes dos especialistas

“Grande parte das exportações do Ceará está concentrada em bens industriais de maior valor agregado, especialmente produtos semiacabados de ferro e aço, que representam 66,5% do total. Como 78% das exportações brasileiras aos EUA foram afetadas, torna-se urgente a diversificação de mercados”, avalia Fabrízio Panzini. Para ele, o programa Reintegra, embora essencial, ainda devolve alíquotas insuficientes aos exportadores.

Ricardo Coimbra, por sua vez, enfatizou a necessidade de cautela e realismo no curto prazo. “A abertura de novos mercados exige tempo, devido a barreiras regulatórias, sanitárias e logísticas. Enquanto isso, pode ser necessário redimensionar a produção. O programa estadual anunciado para mitigar o ‘tarifaço’ foca em alimentos, mas é imprescindível reestruturar cadeias de distribuição e ampliar mercados já consolidados”, alerta.

O caráter político das tarifas também foi ressaltado. Segundo os especialistas, a relação entre Brasília e Washington atravessa um período de tensões, marcado por posições antagônicas entre os dois governos. “O caminho diplomático é indispensável para reduzir perdas e preservar a competitividade das empresas brasileiras, em especial as cearenses”, concluíram. Fabrízio Panzini, inclusive, integrará a missão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que irá a Washington, no início de setembro, para tentar reverter esta situação

Júnior Miranda e Frederico Sampaio articularam o encontro para debater o ‘tarifaço’ dos Estados Unidos

Mais notícias

Ver tudo de IN Business