Disputa 2026

Saída de União Brasil e PP do governo mira votos de Bolsonaro, avaliam cientistas políticos

Por Julia Fernandes Fraga - Em 04/09/2025 às 6:03 PM

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Federação União Progressista formaliza saída do governo Lula. Foto: Reprodução TV Câmara/Agência Câmara

A saída da Federação formada por União Brasil (UB) e Progressistas (PP) do governo Lula busca herdar os votos fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro, avalia o cientista político João Feres Júnior. O anúncio coincidiu com o início do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode levar à condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Segundo o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp-Uerj), os partidos da direita temem perder espaço diante da polarização entre PL e PT.

“A saída deles do governo é em busca de uma revitalização por meio do voto e aí eles colam no bolsonarismo. Afinal, Bolsonaro é capaz de mobilizar uma quantidade imensa de votos e eleger desconhecidos, como fez em 2018 e 2022. Por outro lado, acho que não vai ter espaço para todo mundo nessa competição”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

A cientista política Michelle Fernandez, da Universidade de Brasília (UnB), também relaciona o movimento às eleições de 2026. “Alguns partidos cobraram dos seus parlamentares que se desvinculassem do governo para que pudessem estar na composição da oposição no processo eleitoral do ano que vem”, explicou. 

Decisão formalizada

Em nota, a Federação declarou que a saída “representa um gesto de clareza e de coerência. É isso que o povo brasileiro e os eleitores exigem de seus representantes”. O comunicado cobra a renúncia dos ministros Celso Sabino (Turismo), André Fufuca (Esporte), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira (Comunicações).

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu dizendo que “ninguém é obrigado a ficar no governo”.

“Respeitamos a decisão da direção da Federação da UP. Também não estamos pedindo para ninguém sair. Mas quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a democracia e o estado de direito, nossa soberania”, enfatizou a ministra.

Disputa pelo espólio bolsonarista

Para Feres, a direita busca ocupar o espaço deixado por Bolsonaro e também ligou o apoio de União e PP à anistia dos condenados pelo golpe a essa disputa.

“É uma tentativa de reavivar o Bolsonaro porque ele organiza esse campo da direita. Se eles conseguirem a anistia do Bolsonaro, imaginam que o ex-presidente põe ordem na direita e a competição fratricida pelos votos diminui. Sem Bolsonaro, a coisa fica mais complicada”, projetou o cientista. 

Michelle Fernandez acrescentou, ainda, que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pressiona pela anistia para se projetar eleitoralmente, se de fato quiser ser candidato à presidência. João Feres Júnior, conclui, porém, que ele não será um “candidato de consenso” na direita.

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