Carnaval em Salvador

O Carnaval de Salvador acaba de ganhar um reconhecimento que traduz sua dimensão simbólica e afetiva: a lei nº 15.196, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (8), consagra a festa como manifestação cultural do Brasil. A decisão coloca no papel o que já estava gravado no imaginário coletivo – a maior folia do país é também uma das expressões mais autênticas da identidade nacional.

Mais que espetáculo, o Carnaval de Salvador representa a força da cultura afro-brasileira, sua musicalidade, ancestralidade e capacidade de transformar ruas em palcos de resistência e celebração. Dados da Prefeitura de Salvador apontam que, em 2025, mais de 1 milhão de foliões ocuparam a cidade, gerando quase R$ 2 bilhões em impacto econômico. A decisão, além de homenagem, é também um gesto de fortalecimento do turismo e de estímulo à cadeia produtiva que move a festa – de artistas e blocos a trabalhadores informais.

A história da folia remonta ao período colonial, quando os “entrudos” portugueses eram marcados por brincadeiras de água e farinha. Com a presença dos negros escravizados, o Carnaval ganhou contornos de resistência cultural, marcado por música, sátira social e grupos mascarados conhecidos como “cucumbis”. Esse caldeirão de influências transformou a festa baiana em referência mundial, com trios elétricos, blocos afro e a força de artistas que exportaram a alegria da Bahia para o planeta.

Em maio deste ano, o presidente Lula já havia sancionado legislação semelhante em relação ao Carnaval de Pernambuco, reforçando o compromisso de valorizar grandes manifestações culturais brasileiras. O reconhecimento agora dado a Salvador chega em sintonia com a trajetória da festa: viva, plural e em constante reinvenção, sem jamais perder a raiz popular que a tornou patrimônio afetivo do Brasil e vitrine cultural para o mundo.