vantagem competitiva do Brasil está em destinar excedentes pouco consumidos no mercado interno para países onde têm alto valor FOTO: Freepik

O setor de carne bovina brasileiro aposta na COP 30, em novembro, em Belém (PA), como palco para um avanço diplomático esperado há mais de duas décadas: o acesso ao mercado do Japão.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, o ambiente político recente entre os dois países aumentou as chances de um anúncio durante a conferência, que contará com a presença do primeiro-ministro japonês.

Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Tóquio após seis anos sem encontros de alto nível entre os países. O evento resultou em acordos de cooperação, incluindo temas ligados ao agronegócio. Meses depois, uma missão japonesa inspecionou frigoríficos no Brasil, etapa considerada decisiva, já que o Japão adota alguns dos critérios sanitários mais rigorosos do mundo.

Além do Japão, o setor mira outros mercados asiáticos. A China segue como principal destino, enquanto a Indonésia habilitou 17 novas plantas brasileiras em 2025, incluindo produtos como miúdos e carne com osso. O Vietnã pode autorizar até 18 unidades nos próximos dias, e Filipinas e Malásia também ampliam as compras, especialmente de cortes valorizados localmente.

Para Perosa, a vantagem competitiva do Brasil está em destinar excedentes pouco consumidos no mercado interno para países onde têm alto valor. “No Japão, cortes como a língua bovina são considerados gourmet, enquanto aqui têm baixa demanda. Essa é a estratégia da indústria”, afirmou.

O governo brasileiro também aposta que a janela diplomática criada pela COP 30 acelere a decisão japonesa, considerada estratégica para diversificar os destinos da carne bovina nacional.