EXCLUSIVIDADE
Chocolate vira objeto de luxo e alcança preços de até R$ 2,3 mil
Por Redação - Em 11/09/2025 às 1:30 PM

Com cacau valorizado e produtores cada vez mais sofisticados, especialistas acreditam que o país reúne os ingredientes para se consolidar no mapa global do chocolate de alto padrão FOTO: Freepik
O chocolate, que já foi símbolo de consumo popular desde a Revolução Industrial, hoje ocupa também um espaço inusitado: o das experiências ultraluxuosas. De simples barrinhas vendidas em supermercados, ele passou a disputar vitrines com vinhos raros e joias, ganhando embalagens artesanais e valores que ultrapassam a casa dos R$ 1 mil.
Entre os rótulos mais exclusivos está a equatoriana To’ak, considerada a marca mais cara do mundo. Uma barra de 50 gramas pode custar entre US$ 260 e US$ 490 (cerca de R$ 1,3 mil a R$ 2,3 mil). O segredo está no uso do cacau Nacional — variedade quase extinta — e em processos como o envelhecimento em barris de bebidas premium. As embalagens acompanham a proposta: caixas numeradas, pinça de degustação e guias ilustrados.
Outros players também reforçam o segmento. A americana House of Knipschildt lançou a trufa La Madeline au Truffe, vendida por mais de R$ 1,2 mil. Já a suíça Delafée aposta no apelo visual com ouro comestível. No Brasil, a chef Samantha Aquim levou o cacau nacional ao cenário global com o Chocolate Q, degustado por nomes como a Rainha Elizabeth II e o Papa Francisco, em caixas que podem chegar a R$ 1,1 mil.
Mais do que sabor
Especialistas destacam que o valor vai além da qualidade do grão. “Quem paga centenas de dólares por uma barra busca também o sentimento de exclusividade. O storytelling é parte central desse luxo”, explica o pesquisador e chocolatemaker Bruno Lasevicius.
Processos como o envelhecimento de grãos por anos alteram o sabor, suavizam a acidez e revelam notas únicas. O desafio, contudo, está na perfeição: um produto de luxo precisa ser impecável. .
O Brasil na vitrine
Mesmo com a resistência do público interno a cifras elevadas, marcas nacionais já conquistam espaço. Além do Chocolate Q, casas como a Chocolat du Jour e produtores bean-to-bar premiados — a exemplo de Mestiço, Nugali, Baianí e Luisa Abram — reforçam a imagem do país como referência em qualidade.
O desafio é equilibrar sofisticação e acessibilidade. Já Lasevicius defende o investimento em educação sensorial: assim como no vinho, o consumidor precisa aprender a identificar complexidades antes de valorizar edições raras.
Arte em forma de barra
No exterior, nomes como Richart, Debauve & Gallais e a Noka Vintage Collection já atingiram patamares de até R$ 5,9 mil o quilo. Degustar chocolate, nesse contexto, aproxima-se mais de um ritual artístico do que de uma refeição.
Para especialistas, o Brasil tem potencial para liderar um novo capítulo do luxo gastronômico, ancorado em biodiversidade e autenticidade. Assim como acontece com cafés e vinhos artesanais, em que o público valoriza cada vez mais a autenticidade e a origem, o chocolate brasileiro tem potencial para trilhar o mesmo caminho.
Com cacau valorizado e produtores cada vez mais sofisticados, especialistas acreditam que o país reúne os ingredientes para se consolidar no mapa global do chocolate de alto padrão.
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