Com a saída de Greenfield, a Ben & Jerry’s perde um de seus símbolos mais ligados ao ativismo social

Jerry Greenfield, um dos criadores da Ben & Jerry’s, anunciou sua saída da marca de sorvetes após quase cinco décadas. A decisão ocorre em meio a desentendimentos com a Unilever, controladora da empresa desde 2000, sobre a liberdade da marca em se posicionar em questões sociais.

Em comunicado divulgado por seu parceiro Ben Cohen, Greenfield classificou a saída como “uma das decisões mais difíceis e dolorosas” de sua vida, afirmando que a Unilever restringiu a atuação da Ben & Jerry’s em pautas ligadas a justiça, direitos civis e igualdade. “A independência que nos foi prometida na venda acabou”, lamentou.

A relação entre a marca e sua controladora já vinha se desgastando nos últimos anos. Em 2021, a Ben & Jerry’s suspendeu as vendas nos territórios palestinos ocupados, provocando atritos diplomáticos. Mais recentemente, a empresa acusou a Unilever de censurar manifestações públicas sobre temas como aborto, mudanças climáticas e guerra em Gaza.

A The Magnum Ice Cream Company, subsidiária da Unilever que atualmente administra a Ben & Jerry’s, afirmou discordar das críticas de Greenfield e disse estar aberta ao diálogo com os fundadores. Em carta recente, Greenfield e Cohen pediram que a marca operasse de forma independente, mas a Unilever rejeitou a proposta.

Com a saída de Greenfield, a Ben & Jerry’s perde um de seus símbolos mais ligados ao ativismo social. Já a Unilever tenta conduzir a transição em meio a disputas legais e à pressão por manter a marca fiel à sua identidade original, que unia sorvetes a causas sociais.