QUALIFICAÇÃO EM MANUTENÇÃO
Mercado brasileiro de carros elétricos e deverá movimentar R$ 5 bi até 2030
Por Marcelo Cabral - Em 17/09/2025 às 2:35 PM
O mercado de veículos elétricos no Brasil entrou em uma nova etapa. Com emplacamentos em ritmo acelerado, expansão da infraestrutura de recarga e a chegada de novas montadoras, a atenção agora se volta para o pós-venda: a manutenção. Um estudo conduzido pelo Porto Digital, um dos principais distritos de inovação da América Latina sediado em Recife, projeta que os serviços voltados a esses carros devem movimentar R$ 5 bilhões anuais até 2030. O avanço será impulsionado pela demanda por reparos especializados, fornecimento de peças eletrônicas e atualizações de sistemas embarcados.

Frota de automóveis eletrificados segue em franca expansão no Brasil Foto: Divulgação
O alerta, contudo, vem acompanhado de um desafio estratégico: a formação de mão de obra técnica qualificada. Em agosto deste ano, o Brasil registrou 25.297 emplacamentos de veículos eletrificados, sendo 7.603 totalmente elétricos – um crescimento de 48,8% em comparação a agosto de 2024. No acumulado de janeiro a agosto, as vendas somaram 164.457 unidades, expansão de 50,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A participação dos eletrificados já representa 10,5% do total de automóveis e comerciais leves emplacados no País.
Atualmente, circulam no Brasil cerca de 500 mil veículos eletrificados, equivalentes a 1,1% da frota nacional. A infraestrutura acompanha essa tendência: em fevereiro de 2025, o País contabilizava 16.880 pontos de recarga públicos e semipúblicos, avanço de 14% em apenas seis meses, resultando em uma média de um ponto para cada 29 veículos em circulação.
Montadoras aceleram a transição
O dinamismo do mercado é reforçado pela entrada de novos players globais. A BYD importou mais de 22 mil veículos entre janeiro e maio e projeta encerrar o ano com 50 mil unidades montadas a partir de kits importados, com promessa de produção integral no Brasil a partir de 2026.
A GWM inaugurou sua fábrica no interior de São Paulo no mês passado e planeja fabricar 30 mil veículos no próximo ano. Já a Stellantis firmou parceria com a chinesa Leapmotor para trazer modelos elétricos mais acessíveis, embora ainda não haja anúncio oficial sobre produção local.
O alerta: formação de capital humano
Para especialistas, o Brasil precisa acelerar a preparação de técnicos e engenheiros aptos a lidar com as demandas dessa nova frota. “A transição energética da mobilidade é um caminho sem volta. Mas sem capital humano qualificado, o Brasil corre o risco de assistir à revolução elétrica de fora. Precisamos agir agora, com políticas de requalificação, fomento à formação técnica e apoio à inovação. Isso inclui infraestrutura, certificações, ferramentas de diagnóstico e, sobretudo, capital humano qualificado”, afirma Luíz Maia, professor de Economia e Finanças na UFRPE e pesquisador do Porto Digital.
Diferentemente dos automóveis a combustão, os veículos elétricos demandam menos peças móveis e não exigem trocas de óleo. Em contrapartida, requerem profundo conhecimento em eletrônica de potência, software e sistemas digitais. Tecnologias como BMS (Battery Management System), ECUs (Electronic Control Units) e sensores de condução autônoma exigem profissionais capacitados a diagnosticar falhas digitais, atualizar firmwares e substituir módulos com segurança.
Segundo o estudo do Porto Digital, o fim do período de garantia – entre três e cinco anos – deverá levar grande parte da frota às oficinas independentes. Este movimento abre espaço para o surgimento de uma rede de serviços especializados, capaz de disputar um mercado bilionário nos próximos anos.
Mais notícias
Conexão Criativa



























