LUXO

Mercado náutico brasileiro mira embarcações de até R$ 80 milhões

Por Redação - Em 26/09/2025 às 12:01 AM

Iate Okean2

Cada iate demanda cerca de 30 mil horas de trabalho manual, o que mantém o segmento altamente dependente de mão de obra especializada

O setor náutico brasileiro vive uma mudança de perfil na demanda: a busca por iates de 70 a 100 pés cresceu 60% desde 2024, enquanto embarcações menores perderam espaço. O movimento reflete a migração de consumidores para modelos avaliados entre R$ 25 milhões e R$ 80 milhões, segundo o Grupo Okean, que reúne as marcas Okean e Ferretti.

O modelo mais vendido atualmente, a Ferretti 850 de 85 pés, custa em média R$ 36 milhões e ilustra a preferência por embarcações maiores. Para o CEO Roberto Paião, essa evolução é natural: “quem tem um barco de 60 pés migra para 70, de 70 para 80, e assim por diante”.

Apesar do aquecimento, o setor teme os efeitos da reforma tributária, que prevê a inclusão do IPVA para embarcações. Paião alerta que a medida pode reproduzir experiências negativas de Europa e EUA, onde houve cortes expressivos de empregos. Cada iate demanda cerca de 30 mil horas de trabalho manual, o que mantém o segmento altamente dependente de mão de obra especializada.

Para reduzir riscos, o Grupo Okean aposta na verticalização e diversificação. Em Santa Catarina, inaugurou uma fábrica de móveis náuticos para substituir importações e avalia montar parte de seus barcos nos Estados Unidos, o que os transformaria em “produto americano” e evitaria tarifas de importação. A empresa também exporta para Austrália, Japão, Europa e iniciou negociações nos Emirados Árabes Unidos.

No Brasil, o maior desafio está na infraestrutura para receber embarcações de grande porte. Como resposta, a companhia lançou o programa Concierge & Co, de compartilhamento de barcos de até 60 pés, testado em Itapema (SC). A estratégia amplia o acesso e serve como vitrine para novas vendas.

Com clientela formada por empresários, atletas e artistas, o setor investe ainda em tecnologias sustentáveis, como propulsão elétrica, sistemas a hidrogênio e hydrofoils para reduzir consumo. O objetivo é preparar terreno para a próxima etapa: iates acima de 100 pés e modelos exclusivos de ultraluxo, em um mercado brasileiro de 8 mil km de costa ainda pouco explorado.

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