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Novas plataformas desafiam hegemonia da B3 no mercado de capitais

Por Redação - Em 30/09/2025 às 11:22 AM

Bolsa De Valores Foto Freepik

A B3 afirma não ver ameaça imediata e destaca que a competição pode ser positiva para o país FOTO: Freepik

Durante décadas, o mercado de capitais brasileiro esteve concentrado em um único player: a B3. Resultado da fusão entre BM&F, Bovespa e Cetip, a bolsa monopolizou os processos de listagem, negociação, registro e liquidação de ativos. Hoje, 357 companhias estão listadas, com valor de mercado somado de R$ 4,49 trilhões.

Esse domínio, no entanto, começa a ser questionado. Quatro novas iniciativas — Base Exchange, A5X, CSD BR e BEE4 — planejam iniciar operações até 2026, trazendo diversidade à infraestrutura do mercado financeiro nacional.

Cada uma das plataformas adota uma estratégia distinta. A Base Exchange, sediada no Rio de Janeiro, pretende competir no mercado à vista, oferecendo negociações de ações já listadas na B3, com planos futuros para derivativos e renda fixa. Já a A5X aposta em parcerias internacionais, com suporte da London Clearing House, e foca na expansão de contratos de derivativos.

A BEE4 surge como alternativa para pequenas e médias empresas, oferecendo um ambiente simplificado para IPOs e emissão de dívidas. A CSD BR, por sua vez, já atua na área de registro e liquidação de operações, contando com investidores internacionais como Citi, Morgan Stanley e UBS.

Desafios e oportunidades

Especialistas avaliam que a chegada de concorrentes pode modernizar o mercado brasileiro. Para o analista da Moody’s, Alexandre Albuquerque, a expertise internacional de alguns desses projetos tende a acelerar a transformação do setor. Contudo, ele lembra que a B3 possui portfólio consolidado, experiência histórica e liquidez elevada, fatores que tornam difícil deslocar sua liderança.

Outro ponto crítico é a regulação. Tanto a CVM quanto o Banco Central têm adotado uma postura cautelosa, priorizando a segurança do sistema financeiro. Ainda assim, ajustes regulatórios recentes buscam reduzir a burocracia e ampliar o acesso ao mercado de capitais, principalmente para empresas menores.

Reação da B3

A B3 afirma não ver ameaça imediata e destaca que a competição pode ser positiva para o país. A companhia, que já vinha ampliando sua oferta de produtos, lançou novos índices e contratos futuros em 2025 e mantém planos de expansão em áreas como criptoativos e commodities.

O que está em jogo

A entrada de novos players promete ampliar a competição, reduzir custos, estimular inovação e oferecer mais opções de financiamento para empresas. Embora a consolidação desse novo cenário dependa de liquidez, educação do investidor e integração tecnológica, o movimento já é considerado histórico: pela primeira vez em décadas, a B3 enfrentará concorrência direta.

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