"Caso Khadafi"

Nicolas Sarkozy é o primeiro ex-presidente francês preso desde a 2ª Guerra Mundial

Por Julia Fernandes Fraga - Em 21/10/2025 às 11:58 AM

Nicolassarkozy

Nicolas Sarkozy adentrou a prisão em Paris nesta terça, 21. Foto: Reprodução/Instagram

O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, começou a cumprir, nesta terça-feira (21), uma pena de cinco anos de prisão por conspirar para financiar sua campanha eleitoral com recursos do falecido ditador líbio Muammar Khadafi. Ele é o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser preso desde a detenção de Philippe Pétain, condenado por traição em 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Nesta manhã, mais de 100 pessoas se reuniram em frente à residência de Sarkozy, no 16º distrito de Paris, atendendo a um chamado de seu filho Louis, de 28 anos. O ex-presidente, de 70 anos, chegou à prisão de La Santé às 9h40 (4h40 em Brasília), sob forte esquema de segurança, acompanhado da esposa, a cantora e ex-modelo, Carla Bruni-Sarkozy. 

Em uma mensagem publicada nas redes sociais, Nicolas afirmou “não ter dúvidas de que a verdade prevalecerá”. “Com força inabalável, digo [ao povo francês] que não é um ex-presidente que eles estão prendendo esta manhã — é um homem inocente“, escreveu.

Ele também pediu que não sintam pena dele, porque a esposa e os filhos estão ao seu lado, mas que ele próprio “sente profunda tristeza por uma França humilhada por um desejo de vingança”.

“Caso Khadafi”

Nicolas Sarkozy foi condenado por associação criminosa, juntamente com seus ex-assessores Brice Hortefeux e Claude Guéant, por manter contatos com representantes líbios a respeito de um suposto financiamento ilícito para sua campanha presidencial. O caso envolveu reuniões com o chefe de inteligência e cunhado de Muammar Khadafi, em 2005, organizadas pelo intermediário franco-libanês Ziad Takieddine, morto recentemente no Líbano.

Sarkozy, que governou a França entre 2007 e 2012, recorreu da condenação, mas precisará cumprir a pena na prisão de La Santé, em Paris. Ele foi colocado em uma cela de cerca de nove metros quadrados, na ala de isolamento, por questões de segurança. Segundo informações divulgadas, o ex-presidente terá acesso a banheiro, chuveiro, escrivaninha e televisão, além de uma hora diária para se exercitar sozinho.

O ex-presidente declarou ainda que não deseja tratamento especial e que continuará mantendo sua inocência no chamado “caso Khadafi”. Nicolas disse, ainda, ter levado consigo dois livros para o período de reclusão: A Vida de Jesus e O Conde de Monte Cristo, romance sobre um homem preso injustamente que busca justiça e redenção. Sobre seu caso, Sakozy afirma que o processo tem motivação política.

Apoios públicos

Apesar do início do cumprimento da pena, Sarkozy ainda é considerado legalmente inocente até o julgamento final do recurso, segundo a legislação francesa.

Nesse fim de semana, antes da prisão, ele foi recebido pelo atual presidente, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu. Macron declarou que “é normal, em um nível humano, que eu receba um dos meus antecessores nesse contexto”.

O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, também expressou solidariedade e afirmou que visitará o ex-presidente na prisão, destacando que “não pode ser insensível à angústia de um homem”.

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