Casimiro Montenegro Filho, cearense fundador do ITA e patrono da Engenharia da Aeronáutica

O Brasil celebra, nesta quarta-feira (29), os 121 anos de nascimento de Casimiro Montenegro Filho, o cearense de Fortaleza que se tornou um dos nomes mais importantes da história da ciência e da engenharia nacional. Patrono da Engenharia da Aeronáutica e fundador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), o marechal do ar foi o responsável por inserir o país no cenário global da tecnologia aeroespacial.

Nascido em 29 de outubro de 1904, Montenegro demonstrou desde jovem inquietude e vocação para os grandes desafios. Aos 19 anos, contrariando o pai, deixou Fortaleza rumo ao Rio de Janeiro com o apoio do irmão mais velho, Alfredo, para seguir carreira militar. Em 1923 ingressou na Escola Militar do Realengo e, cinco anos depois, foi declarado aspirante a oficial do Exército.

Foi um dos pioneiros do Correio Aéreo Militar, que mais tarde se tornaria o Correio Aéreo Nacional — um marco na integração territorial do Brasil. Em 12 de junho de 1931, realizou o primeiro voo do serviço entre o Rio de Janeiro e São Paulo, em um monomotor Curtiss Fledgling, ao lado do Tenente Nelson Freire Lavenère-Wanderley. A travessia, feita sob condições adversas, terminou com um pouso improvisado no Hipódromo da Mooca e uma chegada simbólica de táxi ao prédio dos Correios, na Avenida São João.

A trajetória do jovem aviador seguiu marcada pela determinação e pelo espírito inovador. Após a criação do Ministério da Aeronáutica, Montenegro passou para a Força Aérea Brasileira e, em 1941, formou-se engenheiro aeronáutico pela Escola Técnica do Exército — instituição que daria origem ao Instituto Militar de Engenharia.

Entre 1943 e 1944, o então tenente-coronel realizou visitas ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, onde amadureceu a ideia de criar uma instituição semelhante no Brasil. Com o apoio do professor Richard Harbert Smith, chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT, elaborou as diretrizes que dariam origem ao ITA. O projeto tomou forma em São José dos Campos, onde o ITA e o CTA se tornaram realidade na década de 1950 — marcos definitivos do avanço científico e tecnológico brasileiro.

Casimiro Montenegro Filho dirigiu o Centro Técnico de Aeronáutica até 1965, dedicando-se à consolidação da educação científica e da pesquisa aplicada como bases do desenvolvimento nacional. Faleceu em 26 de fevereiro de 2000, aos 95 anos, em Petrópolis (RJ), e foi sepultado com honras militares na Cripta dos Aviadores do Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

Hoje, seu legado ganha nova dimensão com a implantação do campus do ITA no Ceará, cujas obras já estão em andamento. O projeto simboliza a interiorização do conhecimento e a inserção do Nordeste no ecossistema brasileiro de inovação, reforçando o papel estratégico do estado na formação de engenheiros e pesquisadores.

Visionário, Montenegro acreditava que o progresso do Brasil dependia da união entre ciência, Estado e indústria — uma ideia que antecipou o conceito moderno de “tríplice hélice”. Sua vida é um exemplo de como o sonho de um jovem cearense transformou a história da aviação e projetou o país entre as nações capazes de desenvolver tecnologia própria e sonhar com soberania.

Ao completar 121 anos de seu nascimento, o Ceará celebra não apenas um conterrâneo ilustre, mas um símbolo de inteligência, coragem e fé no futuro. O legado de Casimiro Montenegro Filho continua inspirando novas gerações de engenheiros, cientistas e brasileiros que acreditam no poder transformador da educação e da inovação.