O desempenho moderado do emprego deve entrar no radar do Federal Reserve. A próxima reunião de política monetária ocorrerá nos dias 9 e 10 de dezembro

O mercado de trabalho dos Estados Unidos mostrou sinais de enfraquecimento em setembro, com a taxa de desemprego subindo para 4,4% e dados revisados indicando perda de vagas no mês anterior. Embora o setor privado tenha criado 119 mil postos em setembro, o resultado veio acompanhado da revisão negativa de agosto, quando o país eliminou 4 mil vagas, segundo o Departamento do Trabalho.

O desempenho superou as expectativas de economistas consultados pela Reuters, que previam a criação de 50 mil empregos. No entanto, o relatório foi divulgado com atraso devido à paralisação de 43 dias do governo norte-americano — a mais longa da história — que também impediu a coleta de dados para o cálculo do desemprego em outubro. Com isso, as informações de outubro serão incorporadas ao relatório previsto para 16 de dezembro.

Apesar da defasagem, os números reforçam a perda de dinamismo do mercado de trabalho ao longo do ano. Antes da suspensão na divulgação de indicadores, o próprio governo havia revisado para baixo a criação de vagas no período de 12 meses até março, reduzindo o total em 911 mil postos.

Economistas apontam que fatores estruturais têm limitado a expansão do emprego. A desaceleração do fluxo migratório, iniciada no final do mandato de Joe Biden e intensificada na gestão Donald Trump, reduziu a oferta de trabalhadores. Com isso, estimam que a economia agora precisa gerar apenas 30 mil a 50 mil vagas mensais para acompanhar o crescimento da população em idade ativa — bem menos do que a média de 150 mil registrada em 2024.

A popularização da inteligência artificial também pressiona o mercado, especialmente em funções de entrada, deixando recém-formados com menos oportunidades. Além disso, incertezas provocadas pela política comercial da administração Trump têm afetado decisões de contratação, sobretudo entre pequenas empresas. A Suprema Corte analisa a legalidade das tarifas impostas pelo ex-presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977.

O desempenho moderado do emprego deve entrar no radar do Federal Reserve. A próxima reunião de política monetária, marcada para 9 e 10 de dezembro, ocorrerá sem os dados de novembro, que só serão divulgados no dia 16. Atas recentes do Fed indicam que parte dos formuladores de política monetária teme que cortes adicionais nos juros comprometam o controle da inflação.