O reitor afirmou que a gratidão de seu povo “é suprema e nunca se esgota” e mencionou que a outorga do título a Lula foi feita também em nome de outras instituições moçambicanas. Fotos: Ricardo Stuckert/PR 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, nesta segunda-feira (24), o título de doutor honoris causa em ciência política, desenvolvimento e cooperação internacional pela Universidade Pedagógica de Maputo, durante visita pelos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Moçambique.

Durante a cerimônia, o reitor Jorge Ferrão ressaltou o compromisso de Lula com a justiça social, citando seu papel na reparação histórica e na luta contra a fome global. “A sua luta para que os mais de 700 milhões de pessoas que ainda passam fome em todo o mundo conquistem a dignidade alimentar será algo que vai mudar a consciência do mundo”, afirmou em seu discurso.

Lula já recebeu mais de 30 títulos de Doutor Honoris Causa de instituições acadêmicas brasileiras e estrangeiras. A mais recente antes dessa homenagem em Moçambique ocorreu em outubro, na Malásia, pela Universidade Nacional da Malásia (UKM).

Ferrão contou ainda que que mais de 30% dos quadros científicos moçambicanos se formaram em instituições brasileiras, em cooperações estabelecidas durante os governos Lula. Ele lembrou o Projeto Sonho, lançado em 2012, o qual beneficiou mais de 200 professores por meio da educação a distância, e citou a presença, em 2024, de cerca de 600 jovens de comunidades indígenas brasileiras na universidade. Também mencionou parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para contribuir no ensino da história e cultura afro-brasileiras no currículo brasileiro.

Lula, por sua vez, defendeu que investimentos em educação são “o melhor investimento” de um governo e relembrou dificuldades enfrentadas pela falta de acesso aos estudos. Para ele, a formação amplia autonomia e oportunidades para que a juventude, sobretudo, possa se desenvolver plenamente. “Um jovem formado é muito mais respeitado […]. Uma moça bem formada não vai aceitar morar com ninguém a troco de um prato de comida”, assegurou.

O presidente brasileiro também destacou a dívida histórica do Brasil com a África, afirmando que o continente ajudou a “forjar a alma” brasileira. Ele reiterou que a cooperação internacional deve ser guiada por solidariedade, dignidade e soberania.

Novos acordos

Além da homenagem dedicada a Lula, Brasil e Moçambique firmaram nove atos de cooperação para fortalecer capacidades institucionais moçambicanas em áreas como desenvolvimento, saúde, educação, diplomacia, empreendedorismo, promoção comercial, aviação civil, assistência jurídica e serviços agroflorestais.

O presidente disse ainda que pretende recuperar a capacidade do BNDES de financiar empresas brasileiras no exterior, com o objetivo de favorecer tanto o Brasil quanto países parceiros, como Moçambique.