DO PIAUÍ AO CEARÁ
Transnordestina segue à fase operacional e abre novo ciclo logístico no Nordeste
Por Marcelo Cabral - Em 17/12/2025 às 6:31 PM
A Ferrovia Transnordestina dá um passo decisivo rumo à consolidação de sua vocação estratégica para o desenvolvimento do Nordeste. A partir desta quinta-feira (18), tem início o teste operacional no trecho de 585 quilômetros que conecta Bela Vista do Piauí a Iguatu, no interior cearense, marcando a entrada da ferrovia em uma nova etapa após anos de obras e investimentos estruturantes. A primeira composição deve tracionar 20 vagões carregados de milho, em testes que envolverão carga, descarga e operação em marcha.

Transnordestina iniciará suas operações de teste amanhã, entre as cidades de Bela Vista do Piauí e Iguatu Foto: Yasmin Fonseca/MIDR
O avanço ocorre poucos dias após a liberação oficial do transporte de mercadorias na malha ferroviária, autorizada na última quinta-feira (11), com a emissão da Licença de Operação (LO) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo a Transnordestina Logística S.A. (TLSA), concessionária responsável pela construção e operação da ferrovia, o início da operação comissionada será definido em alinhamento com o Governo Federal e os governos do Ceará e do Piauí.
Concebida para o transporte de cargas de alto desempenho, a Transnordestina foi projetada para escoar grãos, algodão, minérios, gesso e gipsita, além de contêineres, quando a operação comercial estiver plenamente autorizada. O potencial logístico da ferrovia se amplia de forma significativa com a futura conexão ao Porto do Pecém. “A partir do momento em que essa ferrovia chegar ao Pecém, ela ganha uma nova escala, inclusive mais oportunidades para viabilizar expansões”, destaca Eduardo Tavares, secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
Demanda por terminais logísticos
Para garantir eficiência no escoamento da produção regional, a TLSA planeja a implantação de seis a oito terminais logísticos ao longo do traçado. Entre os pontos estratégicos estão Eliseu Martins e Bela Vista do Piauí, no Piauí; Trindade e Salgueiro, em Pernambuco; além de Missão Velha, Maranguape e o Porto do Pecém, no Ceará. No complexo portuário cearense, será instalado o TUP NELOG, terminal de uso privado do Grupo CSN, que conectará as ferrovias FTL e TLSA ao porto, fortalecendo os fluxos de exportação e importação.
A implantação dessas estruturas envolve diferentes modelos de investimento e parcerias. Parte dos terminais será construída e operada diretamente pela TLSA. No Piauí, o terminal de Bela Vista deve receber cerca de R$ 50 milhões em investimentos. Já no Ceará, a primeira fase do TUP NELOG está orçada em R$ 900 milhões, reforçando o peso estratégico do empreendimento. Outros terminais, como os de Iguatu, Quixeramobim e Quixadá, serão implantados por parceiros privados, em um modelo de ‘condomínio logístico’, no qual empresas instalam as operações na área de concessão da ferrovia.
Desde 2023, os recursos para a conclusão da ferrovia vêm sendo estruturados pela Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do MIDR. A finalização dos 19 lotes que compõem a Fase I do projeto demandará um investimento total de R$ 8 bilhões, dos quais R$ 4,4 bilhões correspondem à contribuição do ministério, incluindo recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e do leilão do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor).
Mais do que uma obra de infraestrutura, a Ferrovia Transnordestina se consolida como um eixo de transformação econômica e logística, capaz de integrar territórios, reduzir custos de transporte e reposicionar o Nordeste no mapa dos grandes corredores de exportação do País.
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