Polêmica inesperada

Campanha de fim de ano da Havaianas é alvo de críticas políticas e divide opiniões na internet

Por Julia Fernandes Fraga - Em 22/12/2025 às 7:58 PM

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A atriz Fernanda Torres foi escolhida como garota-propaganda. Foto: Reprodução/Instagram

Um novo comercial da Havaianas, estrelado pela atriz Fernanda Torres, gerou reação de políticos e militantes ligados à direita após a divulgação da campanha. Na peça publicitária, a atriz afirma que não deseja que o público comece o próximo ano “com o pé direito”, utilizando um jogo de palavras com a expressão popular. Parlamentares interpretaram a mensagem como uma referência indireta ao espectro político da direita. 

No comercial, Fernanda Torres afirma desejar que os compradores comecem o ano novo “com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. […]”:

 

 

Repercussão inesperada

Após a veiculação do comercial, políticos da direita passaram a defender um boicote à marca.

O deputado federal Capitão Alden (PL-BA), vice-líder da oposição na Câmara, criticou o conteúdo afirmando que “o problema desse comercial da Havaianas não é uma sandália. É a normalização de uma agenda ideológica disfarçada de criatividade. Publicidade não é neutra. Sempre comunica valores. Quando uma marca escolhe provocar deliberadamente uma parcela significativa da sociedade, ela faz uma opção política”.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também comentou o episódio e fez um trocadilho com o slogan da marca ao escrever: “Havaianas, nem todo mundo agora vai usar”. 

Impacto de mercado

Em meio à situação, as ações da Alpargatas, controladora da Havaianas, registraram queda na Bolsa de Valores. O valor de mercado da companhia teve uma redução estimada em cerca de R$ 200 milhões. Os papéis da empresa (ALPA4) recuaram de 2,56% a 3,41%, sendo negociados a R$ 11,42.

A controvérsia ampliou ainda o interesse público sobre quem são os donos da marca. Entre 1982 e 2015, o controle esteve com o Grupo Camargo Corrêa. Em 2017, após mudanças societárias, o controle passou a um consórcio formado por Cambuhy Investimentos, Itaúsa e Brasil Warrant, ligado à família Moreira Salles.

O núcleo familiar figura entre os mais ricos do país, com patrimônio estimado em cerca de R$ 120 bilhões. Possuem participação relevante no Itaú Unibanco, além do controle da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, responsável por cerca de 75% da produção mundial de nióbio. Os investimentos também se dão no agronegócio, com plantações de laranja e café no interior de São Paulo.

Destaca-se, por último, o diretor de cinema Walter Salles – um dos herdeiros -, ganhador do Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional com “Ainda Estou Aqui”, protagonizado por Fernanda Torres. 

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