Governadores, todos pré-candidatos à Presidência, acusam Lula de usar episódio para lucrar eleitoralmente Foto: Agência Brasil

Durante participação na Expert XP, evento realizado em São Paulo nesta sexta-feira (26), os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr (PR) e Ronaldo Caiado (GO) manifestaram duras críticas à condução da política externa do governo federal, em especial no que se refere à relação comercial com os Estados Unidos. Segundo os três líderes estaduais, o Palácio do Planalto tem se mostrado apático diante do agravamento da questão tarifária, e estaria negligenciando a necessidade de diálogo com os norte-americanos para evitar prejuízos à economia brasileira.

Ratinho Jr enfatizou a urgência de uma interlocução diplomática mais ativa, ressaltando que outros países já têm buscado canais de negociação para preservar suas relações comerciais com os EUA. Ele também criticou propostas que envolvem o abandono do dólar como moeda central do comércio internacional, classificando a ideia como ineficaz e ideológica. Segundo o governador paranaense, até mesmo potências como China e Rússia mantêm o dólar em suas transações, o que reforça, em sua visão, a irracionalidade de propostas contrárias. “Não se pode colocar convicções ideológicas acima de uma relação comercial estratégica para o Brasil”, afirmou.

Já Tarcísio de Freitas alertou para os impactos econômicos que o estado de São Paulo pode sofrer com a adoção de novas tarifas. Ele estima que até 120 mil empregos estejam ameaçados, principalmente em setores que dependem de componentes e insumos importados dos Estados Unidos. Para tentar minimizar os danos, o governo paulista planeja liberar créditos acumulados de ICMS e estabelecer interlocução direta com autoridades e empresas americanas, buscando demonstrar a gravidade da situação e convencer o governo dos EUA a reconsiderar as medidas. Tarcísio também criticou o uso político da crise por parte do governo federal, destacando a importância de preservar a soberania nacional com responsabilidade.

O tom mais incisivo, no entanto, veio de Ronaldo Caiado. O governador goiano acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de abandonar os canais tradicionais de negociação e preferir discursos ideológicos a ações concretas. Segundo Caiado, o governo federal estaria utilizando o conflito como ferramenta eleitoral, já mirando as eleições de 2026. Ele também criticou a ausência de ministros da área econômica nas discussões e afirmou que os governadores não foram consultados sobre as decisões adotadas. “Lula não tem preparo para conduzir o país num momento como esse”, declarou. Para ele, o presidente estaria mais preocupado com marketing político do que com os reais interesses do Brasil.