O embaixador André Correa do Lago lidera a presidência brasileirada COP30 Foto: José Cruz/Agência Brasil

A presidência brasileira da COP30 apresentou nesta sexta-feira (20) uma proposta ambiciosa para orientar as negociações climáticas que acontecerão em novembro, em Belém (PA). O documento, chamado de “Carta de Belém”, reúne 30 ações estruturadas em seis grandes áreas, com o objetivo de acelerar a implementação dos compromissos assumidos no Acordo de Paris.

A proposta surge em um momento decisivo da diplomacia climática internacional. Em vez de repetir o modelo tradicional das conferências anteriores, onde os debates costumam girar em torno de compromissos ainda não concretizados, o Brasil sugere que a COP30 se concentre na transformação de metas em ações efetivas. A ideia é que a conferência seja um espaço para cobrar resultados e mobilizar diferentes setores da sociedade em torno de soluções práticas.

Entre os principais temas abordados estão a transição energética, a proteção das florestas e da biodiversidade, a transformação dos sistemas agrícolas e alimentares, a adaptação das cidades às mudanças climáticas e a garantia de desenvolvimento social com foco em inclusão e resiliência. Além disso, a carta dedica atenção especial aos chamados “facilitadores transversais”, como o financiamento climático, a transferência de tecnologia e a capacitação de países e comunidades vulneráveis.

A expectativa da presidência da COP30 é criar um ambiente de diálogo mais dinâmico e inclusivo, que envolva não apenas os governos nacionais, mas também empresas, estados, municípios, universidades e organizações da sociedade civil. Para isso, serão formados grupos de trabalho temáticos, liderados pelos chamados “campeões de alto nível”, que terão a missão de articular e estimular ações concretas nos diferentes eixos da agenda.

Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, que lidera a presidência da COP30, o objetivo é fazer da conferência um marco na passagem da negociação para a execução. A estratégia prevê, inclusive, um acompanhamento sistemático durante o evento, com mais de 400 sessões e encontros focados em monitorar o avanço das ações propostas.

A proposta também dialoga com os resultados do Balanço Global do Acordo de Paris, realizado em 2023, que apontou a necessidade de acelerar a resposta mundial diante da crise climática. Para os organizadores da COP30, a Carta de Belém representa um convite à ação coordenada e ao engajamento coletivo, visando garantir que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C permaneça ao alcance.

A carta ainda passará por um processo de consulta pública, incluindo reuniões com diversos atores nacionais e internacionais nos meses que antecedem a conferência. A expectativa é que o documento final, com eventuais ajustes, sirva de base para orientar os compromissos e resultados concretos ao longo da COP30.

(Com informações da Agência Brasil)