Presidente e apresentador se encontraram nesta semana em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O jornalista José Luiz Datena fechou acordo para apresentar um programa semanal de entrevistas na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), emissora pública ligada ao governo federal. O convite foi reforçado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante encontro no Palácio do Planalto, na segunda-feira (1º). Datena também terá um programa diário na Rádio Nacional. A informação sobre o convite foi antecipada pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

Datena deve comandar um talk show com entrevistas de “alto nível” sobre temas variados. Após conversa com Amilcare Dallevo Jr., presidente da RedeTV! – sua atual emissora  -, sobre o convite da EBC, o comunicador segue no ar com o Brasil do Povo. 

Segundo Luiz Datena, a nova oportunidade não afetará sua postura profissional. “Eu sempre fui independente. E, inclusive, enfrentei problemas por causa disso. Não iriam agora me convidar para ser tendencioso. O meu papel será sempre o de jornalista, e todos sabem disso”, afirmou. Ele relatou também que apresentar entrevistas “é um sonho antigo”. 

A EBC confirmou o acerto nessa quarta-feira (3), mas apontou que “os termos do contrato ainda estão em fase de ajuste e não há previsão de data de estreia”.

Reação de entidades de jornalistas

A contratação recebeu críticas de entidades representativas da Comunicação, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os sindicatos de jornalistas do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, que divulgaram notas nas quais afirmam que Luiz Datena não atende aos critérios previstos na legislação da comunicação pública. 

Segundo as entidades, o apresentador “consolidou um tipo de jornalismo marcado pelo desrespeito sistemático aos direitos humanos e pelo proselitismo político”, o que consideram incompatível com os princípios de independência editorial, diversidade e pluralidade previstos para a EBC.

“Elas apontam que o convite reforça a ausência de um projeto consistente para a comunicação pública federal” e afirmam que a empresa deveria atuar com base em parâmetros de interesse público, e não em projeção individual ou preferência política. As organizações dizem denunciar problemas estruturais na EBC desde 2016.