Lula esteve na Colômbia no domingo, mas já retornava ao Brasil no mesmo dia para dar início à COP30 nesta segunda, 10. Fotos: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesse domingo (9), em Santa Marta, na Colômbia, da 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE). O encontro reuniu 60 países e buscava retomar o diálogo birregional e avançar nas negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE. 

Reunião em meio a tensões

Durante a plenária, Lula criticou a presença militar dos Estados Unidos na costa da Venezuela e defendeu o diálogo. “A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, afirmou.

Foto oficial da Celac 2025 com os líderes presentes

O presidente brasileiro defendeu também ações conjuntas contra o crime organizado e o tráfico de armas. “É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando o seu financiamento”, enfatizou. Lula citou iniciativas de cooperação, como o comando tripartite na tríplice fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia. 

O mandatário reconheceu, ainda, que a América Latina e o Caribe vivem um momento de divisão, “mais voltados para fora do que para si próprios”, e apontou ameaças como extremismo político e manipulação da informação. Ele criticou a falta de avanços concretos em projetos regionais, afirmando que “vivemos de reunião e reunião repletas de ideias e iniciativas que, muitas vezes, não saem do papel”.

A reunião ocorreu em meio à ofensiva dos Estados Unidos contra supostos traficantes no Caribe e no Pacífico. O governo de Donald Trump confirmou ataques a embarcações suspeitas na região, os quais deixaram mortos. O presidente venezuelano Nicolás Maduro, por outro lado, afirma que Washington busca intervir no país por interesse em suas reservas de petróleo. 

Discurso de Lula na Celac

Celac

A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em atividade desde 2011, reúne os 33 países da América Latina e do Caribe. O Brasil teve papel central na formação do bloco, ao organizar a primeira Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (CALC), em 2008.

A Celac atua como espaço de diálogo político e cooperação regional em áreas como segurança alimentar, energia, educação, saúde, inclusão social, sustentabilidade e infraestrutura. Em 2023, o Brasil retomou sua participação plena, alinhado à política de fortalecimento da integração latino-americana.

Na edição de 2025, a cúpula deve aprovar a Declaração de Santa Marta e o Mapa do Caminho 2025-2027, com propostas para transformar o diálogo em ações práticas. A Colômbia exerce a presidência pro tempore da Celac até 2025, sucedendo Honduras; o Uruguai assumirá em 2026.