
contrapeso político
Guerra tarifária com EUA pode fortalecer Lula para 2026, aponta BTG Pactual
Por Aflaudisio Dantas - Em 10/07/2025 às 2:54 PM

Relatório aponta que episódio pode ser usado como ferramenta de mobilização Foto: Ricardo Stuckertpr
A disputa tarifária entre Brasil e Estados Unidos, iniciada após o anúncio de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, pode acabar favorecendo politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é do BTG Pactual, que vê impactos econômicos diretos limitados, mas destaca possíveis efeitos significativos no cenário eleitoral. Em relatório divulgado a clientes, o banco afirma que “a base de apoio do governo no Congresso sugere que a medida pode fortalecer politicamente o presidente Lula, ao intensificar o embate com seu principal antagonista, especialmente após menções diretas do presidente Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Analistas políticos acreditam que essa nova narrativa pode aumentar a popularidade de Lula e reposicionar seu discurso com vistas às eleições de 2026”.
O BTG aponta que, do ponto de vista econômico, os efeitos das tarifas são moderados. Os Estados Unidos representam cerca de 12% das exportações brasileiras, o equivalente a 1,7% do PIB. Os setores mais impactados incluem ferro e aço, aeronaves, materiais de construção e madeira, mas, segundo o relatório, muitos desses produtos já enfrentam tarifas setoriais elevadas, o que reduz o impacto adicional da nova política de Trump.
Além disso, o relatório do banco destaca que as consequências políticas podem ser mais relevantes que os efeitos econômicos. A ofensiva tarifária de Trump ocorre em meio a um contexto de tensão política internacional e polarização interna no Brasil. A menção explícita ao ex-presidente Bolsonaro por Trump, como motivação para as tarifas, serve como elemento simbólico que reforça a posição de Lula como contraponto a essa influência estrangeira. Nesse ambiente, afirma o BTG, “o PT recebeu a notícia com entusiasmo, classificando a ação de Trump como uma violação da soberania brasileira e posicionando Lula como o líder apto a defender o país diante do que considera uma decisão arbitrária”.
O documento do banco também ressalta que, ainda que os riscos econômicos não sejam ignorados, é provável que o governo federal consiga usar o episódio como ferramenta de mobilização política. Isso se dá tanto no discurso de defesa da soberania nacional quanto na articulação com o Congresso, que pode ser pressionado a se unir em torno de medidas de reação às ações do governo norte-americano.
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