Fundação de FHC irá reeditar obras do sociólogo e ex-presidente. Foto: Reprodução/Redes sociais

A Fundação Fernando Henrique Cardoso vai lançar, a partir de 2026, a edição definitiva da obra completa do ex-presidente, que completou 94 anos em junho. O projeto prevê cerca de 150 volumes, reunindo textos, discursos, artigos, aulas e livros de FHC, sempre acompanhados de notas e contextualização histórica.

Segundo Celso Lafer, presidente do conselho curador da Fundação, a iniciativa tem caráter de longo prazo e poderá levar décadas até a conclusão. Ele compara a empreitada à coleção de Rui Barbosa, organizada desde os anos 1940 pela Fundação Casa de Rui Barbosa. “A obra de Fernando Henrique Cardoso vai além da trajetória de um homem público: é uma chave essencial para compreender o Brasil e seu papel no mundo”, afirmou.

O trabalho será coordenado pelo cientista político e escritor Jorge Caldeira, colega de Fernando Henrique na Academia Brasileira de Letras (ABL). Escolhido pelo próprio ex-presidente, Caldeira terá a missão de organizar um conselho editorial e formar equipes responsáveis por cada volume. “É um trabalho de equipe, que exige montar um grupo de autoridade indiscutível, tecnicamente capaz de revisar tudo, acrescentar notas de referência, corrigir, organizar e publicar de forma definitiva”, explicou.

Detalhes

A edição crítica será dividida em duas vertentes: a produção intelectual de FHC e sua atuação como homem público. “A Presidência funciona como uma síntese de sua obra. Quando falava como presidente, havia sempre um passado intelectual por trás, em que já tinha proposto ideias. Essa relação entre teoria e prática ainda não foi devidamente estudada”, explicou Caldeira. 

O material reunirá desde os primeiros textos publicados — como uma poesia em 1941 na revista Dos Novíssimos, ao lado de Augusto e Haroldo de Campos e Boris Fausto — até discursos oficiais, como senador, ministro, chanceler e presidente da República (1995-2003). A expectativa é que o primeiro volume traga justamente os discursos do período em que Fernando Henrique foi senador, entre 1987 e 1993.

Todos os livros serão distribuídos em bibliotecas públicas e disponibilizados gratuitamente na internet. Para viabilizar o projeto, a Fundação FHC busca levantar fundos, o que também influenciará o ritmo de publicação.

“Esse é o momento em que se revê o passado: o que foi avaliado de um jeito passa a ser visto de outro. Organizar a obra é um instrumento para isso”, resume Jorge Caldeira.