Brasil tem posição de destaque na Assembleia Geral da ONU. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na próxima terça-feira, 23 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), que chega a 80ª edição em 2025. A participação marca a apresentação das prioridades da política externa brasileira e inclui encontros bilaterais e reuniões temáticas. 

Questão Palestina

Durante a viagem, Lula participará da 2ª sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita. 

“Na perspectiva brasileira, uma paz sustentável só poderá ser alcançada na região se ambas as partes puderem negociar em igualdade de condições, o que inclui a capacidade estatal da Palestina”, explicou nesta semana o diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, ministro Marcelo Marotta Viegas.

O representante do Itamaraty destacou que o governo brasileiro espera que o encontro incentive mais países a reconhecerem a Palestina como Estado – atualmente, 147 países já o fazem. França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em aderir ao reconhecimento. Israel e EUA, no entanto, rejeitam a medida.

Democracia e combate ao extremismo

Já no dia 24 de setembro, Lula participará da 2ª edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, ao lado de líderes de cerca de 30 países. A iniciativa é liderada conjuntamente pelo Brasil, Chile e Espanha. 

“Em um contexto de incerteza global e crescentes ameaças a valores democráticos, o encontro constituirá a ocasião para reafirmar compromissos compartilhados em torno da democracia, do multilateralismo e do Estado de Direito”, afirmou Viegas.

O evento busca promover cooperação internacional contra desinformação, discurso de ódio e desigualdade social. A primeira edição ocorreu em julho, no Chile, e resultou em uma declaração conjunta.

Clima e COP30

A agenda climática também terá destaque no dia 24. O Brasil co-presidirá com o secretário-geral da ONU, António Guterres, um encontro sobre a crise do clima.

“O encontro deverá impulsionar a mobilização dos Estados-membros para a ação climática, incluindo a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas, as NDCs, rumo à COP30”, disse o chefe da Divisão de Ação Climática do Itamaraty, ministro Mário Gustavo Mottin.

As NDCs são compromissos de redução de gases de efeito estufa assumidos por cada país. Apenas 29 países apresentaram suas metas até o momento. Lula também participa de evento para ampliar apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado na COP30, em Belém (PA). 

Outro compromisso será o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação, liderado pelo ex-presidente do Senegal, Macky Sall, para discutir mecanismos de adaptação às mudanças climáticas. 

Semana do Clima de Nova York

A delegação brasileira participa, a partir do dia 22, da Semana do Clima de Nova York 2025, que ocorre desde 2009 em paralelo à Assembleia da ONU. O evento reúne mais de 500 atividades e funciona como preparatório para a COP30.

“Tem um sentido positivo de mobilização, de discussão e apresentação de soluções para a mudança do clima desenvolvida pelos países, pela sociedade e pelo setor privado”, destacou Mottin.