geopolítica

Lula acusa paralisia da ONU e cobra reforma urgente para conter escalada de conflitos globais

Por Marlyana Lima - Em 06/07/2025 às 9:03 PM

Lula

Lula fez duras críticas durante a abertura da cúpula de líderes do Brics – Foto: Ricardo Stuckert / PR

Durante a abertura da cúpula de líderes do Brics neste domingo (6), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à paralisia das instituições internacionais, especialmente ao Conselho de Segurança da ONU, e alertou que a ausência de reformas no sistema global de governança “torna o mundo mais instável e perigoso”.

Em um discurso direto e incisivo na sessão “Paz e Segurança, Reforma da Governança Global”, Lula afirmou que o atual cenário internacional é marcado por “um colapso sem paralelo do multilateralismo” e defendeu que o Brics atue como vetor de transformação. “Cabe ao Brics contribuir para a atualização da governança global”, disse, destacando que o bloco é herdeiro do Movimento Não-Alinhado.

Conselho de Segurança da ONU

O presidente apontou que a atual configuração do Conselho de Segurança da ONU – dominado por cinco membros permanentes com poder de veto – não representa mais a realidade geopolítica do século XXI. “Adiar esse processo torna o mundo mais instável e perigoso”, advertiu, defendendo a inclusão de países da Ásia, África e América Latina como membros permanentes.

Lula também condenou os altos gastos militares, especialmente por parte de países-membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e denunciou a disparidade entre os recursos destinados à guerra e aqueles voltados ao desenvolvimento sustentável. “É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, criticou, lembrando que metas como a Agenda 2030 seguem subfinanciadas.

O presidente brasileiro também alertou para a “instrumentalização” da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), usada segundo ele como ferramenta política, em referência à tensão envolvendo o Irã. Lula apontou o risco de uma nova corrida nuclear: “O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano”.

Terrorismo, Gaza e Ucrânia

Lula adotou um tom equilibrado ao tratar de conflitos regionais. Condenou tanto os ataques do grupo Hamas na Faixa de Gaza quanto a resposta israelense, que classificou como “genocídio” e uso da “fome como arma de guerra”. “Nada justifica as ações terroristas do Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes à matança indiscriminada de civis por Israel”, afirmou.

Ele também mencionou atentados na Caxemira e voltou a denunciar as intervenções estrangeiras no Oriente Médio e Norte da África, chamando-as de fracassadas e ilegais, como nos casos de Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria.

Mas, no tocante à guerra na Ucrânia, Lula evitou críticas à Rússia e defendeu diálogo direto entre os envolvidos para alcançar um cessar-fogo. Embora tenha reiterado a posição brasileira contra violações territoriais, evitou mencionar diretamente a Rússia – país-membro do Brics. “O Grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil, busca caminhos para o fim das hostilidades”, lembrou.

 

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