Relação diplomática
Lula defende diálogo com EUA, mas critica tarifaço: “Não somos uma republiqueta”
Por Marlyana Lima - Em 03/08/2025 às 7:32 PM

Lula se pronunciou durante a convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (3) que o Brasil continuará buscando alternativas ao uso do dólar no comércio internacional, apesar das recentes sanções impostas pelos Estados Unidos. A declaração foi feita durante convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, em meio à repercussão do tarifaço de 50% anunciado pelo governo norte-americano, que atinge cerca de 36% das exportações brasileiras.
“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, disse Lula, ao se referir à proposta debatida no âmbito do Brics para a criação de uma moeda comum.
Embora a administração de Donald Trump não tenha mencionado oficialmente essa iniciativa como motivação para a nova política tarifária, analistas apontam a discussão sobre a substituição do dólar como pano de fundo para a medida. Durante a Cúpula do Brics, realizada entre 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, Trump fez críticas públicas ao bloco e prometeu retaliar países que desafiassem a centralidade do dólar.
Interesses estratégicos
Lula negou que o Brasil deseje confrontar diretamente os Estados Unidos, mas criticou a decisão da Casa Branca e disse que o país precisa ser tratado com respeito, ressaltando que não aceitará pressões políticas disfarçadas de medidas econômicas.
“Os EUA são muito grande, é o país mais bélico do mundo, é o país mais tecnológico do mundo, é o país com a maior economia do mundo. Tudo isso é muito importante. Mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos e estratégicos. Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável. É inaceitável”, afirmou.
O presidente também mencionou as críticas do governo norte-americano ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, apontadas como um dos fatores que teriam motivado a retaliação econômica.
Relação com os EUA deve ser preservada, diz Lula
Apesar das críticas, Lula enfatizou que o Brasil continuará aberto ao diálogo com os Estados Unidos e que a relação diplomática entre os dois países, que já dura mais de dois séculos, precisa ser mantida.
“O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial muito ampla no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico. Mas, obviamente, que eu não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos”, declarou.
Ele também disse que o governo trabalha para mitigar os impactos do tarifaço sobre empresas e trabalhadores brasileiros, mas mantém a disposição de negociar com Washington.
“Vamos dizer o seguinte, ‘olha, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas propostas pelo [vice-presidente] Alckmin e pelo [ministro das relações exteriores] Mauro Vieira. Então, é simplesmente isso”, completou.
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