Integração regional
Lula defende diversificação de parcerias e aproximação com países sul-americanos
Por Julia Fernandes Fraga - Em 20/08/2025 às 11:15 AM

Visita do presidente do Equador ao Brasil estreita laços entre os países. Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta semana que as relações com os países sul-americanos são prioridade para o Brasil. A declaração foi dada durante a visita oficial do presidente do Equador, Daniel Noboa, a Brasília, ocasião em que os dois países firmaram acordos e anunciaram medidas para ampliar o comércio e a cooperação em diversas áreas.
“Em um cenário global desafiador, em que rivalidades se agravam e instituições multilaterais são esvaziadas, é preciso firmeza na defesa da nossa independência. Para o Brasil, a autonomia é um sinônimo de diversificação de parcerias. Os laços com o Equador e com os demais vizinhos sul-americanos são prioridades para nós”, afirmou Lula em declaração à imprensa.
Comércio e integração regional
Durante o encontro, Lula destacou a importância da diversificação comercial e anunciou a retomada das importações de bananas do Equador, em cumprimento à decisão judicial. O Brasil havia restringido a entrada do produto em 1997 por questões fitossanitárias, com sucessivas suspensões desde então, o que levou o Equador a questionar o país na Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Estamos dispostos a trabalhar por um comércio mais equilibrado, reduzindo barreiras a produtos equatorianos. Vamos começar cumprindo a decisão judicial que determinou a abertura do mercado brasileiro para a banana produzida pelo Equador. Iniciaremos pela banana desidratada e, até o fim do ano, concluiremos a análise e risco para a banana in natura”, explicou o presidente brasileiro.
Ele acrescentou que “espera reciprocidade”: “Da mesma forma, tenho certeza de que o governo do Equador estará atento aos produtos de interesse do Brasil a começar pela carne suína”.
O presidente também ressaltou a necessidade de atualizar o acordo entre Mercosul e Equador e destacou que “a recente entrada em vigor do nosso acordo de cooperação e facilitação de investimentos dará mais segurança aos negócios”.
Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e Equador somou US$ 1,1 bilhão, com exportações brasileiras de US$ 970 milhões, sobretudo de veículos, máquinas, medicamentos e produtos das indústrias de papel e celulose.
Cooperação contra o crime organizado
Além do comércio, Lula ressaltou que a parceria com países vizinhos também deve se estender à segurança. Ele anunciou a reabertura da adidância da Polícia Federal em Quito e a ampliação de ações conjuntas contra ilícitos.
“Vamos reabrir a adidância da Polícia Federal em Quito e já promovemos treinamento sobre investigação de crimes financeiros.” E Lula acredita que “podem fazer muito mais”, desde “ações para coibir atividades criminosas dentro de prisões até operações para reprimir o contrabando de armas.”
O presidente também defendeu a regulação das redes digitais e a responsabilização das grandes empresas de tecnologia.
“Expus ao presidente Noboa a urgência com que o governo e a sociedade brasileira vêm procurando enfrentar a criminalidade na esfera digital. Nossas sociedades estarão sob constante ameaça sem regulação das big techs. Esse é o grande desafio contemporâneo de todos os Estados”, afirmou.
“As redes digitais não devem ser terra sem lei, em que é possível atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência. Erradicar a exploração sexual de crianças e de adolescentes é uma imposição moral e uma obrigação do Poder Público”, completou ele.
Atos assinados
Brasil e Equador assinaram três atos envolvendo combate à fome e à pobreza; cooperação acadêmico-científica para o desenvolvimento de modelos latino-americanos de IA; e agricultura familiar sustentável.
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