Ministro Teodoro Silva Santos esteve com o Papa Francisco, durante o seu Pontificado

“Com a morte do Santo Papa Francisco o mundo perde o maior líder espiritual de nossa época. Homem simples, sincero e afável.

Uma das suas maiores qualidades foi a humildade.

Desde o início de seu pontificado, ele refutou pompas, aliou-se e defendeu os pobres, combateu o racismo de todas as espécies, falou com simplicidade e viveu com autenticidade, tornando-se um símbolo de uma Igreja mais humana, acessível e voltada aos que mais precisam.

Além do mais, a coragem também foi uma de suas marcas, pois nunca se rendeu aos “poderosos”, ao contrário, sempre reprovou as tiranias e as arrogâncias destes. Tanto é verdade, que teve a ousadia de enfrentar temas delicados dentro e fora da Igreja — como abuso sexual, corrupção, mudanças climáticas, imigração, pobreza e inclusão social — sempre guiado por princípios evangélicos e de justiça.

Sua coragem estava em falar verdades difíceis, desafiar estruturas antigas e lutar por uma Igreja mais viva, aberta e misericordiosa.

O Papa Francisco foi um homem justo, sempre condenou com firmeza a fofoca (câncer que corrói a personalidade) que ele chamava de uma forma de “terrorismo” que destrói a paz e a dignidade das pessoas pelas costas. Em suas palavras: “A fofoca é uma peste pior do que a COVID.”

Também foi intolerante com a injustiça, especialmente com relação aos pobres, aos migrantes e aos excluídos.

A justeza do Santo Papa Francisco também chegou ao Nordeste do Brasil, eis que foi justo e histórico com o Padre Cícero Romão Batista.

Haja vista que, durante mais de um Século, Padre Cícero foi tratado com desconfiança pelas autoridades da Igreja, chegando a ser suspenso de ordens por Roma em 1894, acusado de desobediência e práticas consideradas místicas demais. Contudo, o povo fiel do Nordeste sempre o venerou como santo popular.

Eis que, em 2022, após décadas de reivindicações, o Papa Francisco autorizou oficialmente a reconciliação da Igreja com Padre Cícero, reconhecendo sua importância pastoral, espiritual e social.

Esse gesto foi visto como um ato de justiça histórica — não só com o padre, mas com o povo nordestino (em especial Juazeiro do Norte) e sua fé. Francisco entendeu que a santidade popular também merece respeito e acolhimento.

Com efeito, pela eterna gratidão e amor que o Povo Nordestino, em especial os juazeirenses, lhe deve, a partida do Santo Papa Francisco, atendendo ao chamado de Deus, deixa também no Nordeste uma imensa lacuna espiritual.

Que seu sucessor siga suas pegadas espirituais, notadamente a sensibilidade pela Justiça, coragem, compaixão e de semeador (e defensor) da paz e da igualdade social.

Por todas essas suas virtudes, certamente, nesse momento ele estar no Céu, descansando ao lado de Deus Pai todo poderoso, feliz e com a paz de missão cumprida.”

Texto de Teodoro Silva Santos

Ministro do Superior Tribunal de Justiça – STJ. Doutor em Direito Constitucional pela Universidade de UNIFOR e Pós-Doutor em Processo Penal e Direito Constitucional pela Universidade do Minho, Braga, Portugal. Foi desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.