Voz médica
OMS e entidades europeias contestam Trump ao garantir que paracetamol não causa autismo
Por Julia Fernandes Fraga - Em 23/09/2025 às 11:32 AM

Órgãos de saúde negaram as alegações de Donald Trump a respeito do uso de paracetamol por gestantes. Fonte: Fotos Públicas
As agências de saúde da União Europeia (UE) e do Reino Unido confirmaram que o uso de paracetamol durante a gravidez é seguro, contrariando declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o medicamento ao autismo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se pronunciou nesta terça-feira (23), afirmando que “as evidências permanecem inconsistentes” e pedindo cautela. “Essa falta de replicabilidade realmente exige cautela ao tirar conclusões precipitadas”, disse o porta-voz Tarik Jašarević, reforçando que as vacinas tampouco estão ligadas ao autismo.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) destacou que “as evidências disponíveis não encontraram nenhuma ligação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo”. O órgão recomenda que o medicamento seja usado apenas quando necessário, na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível.
Entenda
Nessa segunda-feira (22), Trump havia aconselhado gestantes a evitar o Tylenol e sugerido que vacinas infantis fossem aplicadas mais tarde. “Acho que encontramos uma resposta para o autismo”, disse. Ele acrescentou ainda que o Tylenol “não é bom” e que grávidas deveriam “lutar como o diabo” para não utilizá-lo.
A comunidade científica rejeitou as declarações. “Estou excepcionalmente confiante em dizer que não existe relação”, afirmou a Dra. Monique Botha, da Universidade de Durham (Inglaterra). Pesquisas de larga escala, incluindo análises com milhões de crianças, não encontraram risco maior de autismo, deficiência intelectual ou TDAH em filhos de mulheres que usaram o medicamento na gestação.
Especialistas alertam que falas como as de Trump podem causar medo desnecessário em gestantes e levá-las a evitar o paracetamol até mesmo para reduzir febre — condição que, se alta, pode prejudicar o desenvolvimento do bebê. “Sugerir às mulheres grávidas que este medicamento não é seguro causará muita ansiedade”, disse o Dr. Linden J. Stocker, dos Hospitais Universitários de Southampton (Reino Unido).
Além disso, pesquisadores temem que esse tipo de discurso reforce estigmas contra famílias de crianças autistas. “Revigora o longo padrão de vergonha e culpa materna”, avaliou a dra. Botha.
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