ELEIÇÕES 2026

Pesquisa aponta: 61% rejeitam candidato que prometer anistiar Bolsonaro e aliados

Por Marlyana Lima - Em 04/08/2025 às 1:39 AM

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Ex-presidente Bolsonaro responde a processo por envolvimento com atos golpistas – Foto: Agência Brasil

A menos de um ano do início oficial da campanha presidencial de 2026, o tema do golpismo continua impactando a opinião pública. Pesquisa do instituto Datafolha, realizada nos dias 29 e 30 de julho, mostra que 61% dos brasileiros afirmam que não votariam em um candidato que prometesse livrar Jair Bolsonaro (PL), seus aliados ou condenados pelos atos de 8 de janeiro de qualquer punição.

De acordo com o levantamento, feito com 2.004 entrevistados e margem de erro de dois pontos percentuais, 19% disseram que votariam com certeza em um candidato que apoiasse a anistia, enquanto 14% responderam que talvez votassem. Outros 6% não souberam opinar.

A pauta da anistia, defendida por aliados de Bolsonaro e por parlamentares da base bolsonarista no Congresso, enfrenta crescente resistência popular. Embora presidentes tenham o poder constitucional de conceder indultos, decisões anteriores do Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que a prerrogativa não se aplica a crimes contra a democracia e o Estado de Direito — como demonstrado na anulação do perdão concedido por Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira.

O ex-presidente é réu no julgamento da tentativa de golpe que tramava a reversão do resultado das eleições de 2022. O processo deve avançar no STF ainda neste semestre, sendo acompanhado de perto pelo cenário político. Bolsonaro trata o julgamento como uma “farsa persecutória”, assim como seu aliado internacional, Donald Trump, que mencionou o caso como justificativa para aumentar tarifas de importação de produtos brasileiros a 50%, como parte de sua política comercial.

Dilema eleitoral

A posição pró-anistia assumida por governadores aliados — como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) — gerou desconforto no cenário político, especialmente diante da repercussão negativa da sanção tarifária imposta por Trump.

Tarcísio, que se tornou uma das principais apostas eleitorais do campo conservador, enfrentou críticas por se ausentar de um ato em defesa da anistia realizado em 3 de agosto na Avenida Paulista. O governador alegou compromissos médicos na mesma data, enquanto setores do bolsonarismo cobravam sua presença. A ausência foi interpretada como tentativa de se distanciar do desgaste gerado pela crise diplomática e econômica com os Estados Unidos.

Ainda assim, Tarcísio já declarou publicamente que anistiaria Bolsonaro, repetindo o posicionamento de Zema, Caiado e outros mandatários próximos ao ex-presidente.

Ratinho Jr. (PSD-PR), governador do Paraná, adotou postura mais cautelosa, embora também tenha defendido a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Propostas no Congresso perdem força

No Congresso Nacional, um projeto de lei que propunha a anistia aos 480 condenados em cerca de 1.500 ações penais relativas ao 8 de Janeiro perdeu fôlego, diante da rejeição popular crescente e do desgaste gerado pela crise com os EUA. A proposta, que poderia se estender ao próprio Bolsonaro, foi esvaziada nas últimas semanas.

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