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Tudo é Economia

Por Admin - Última Atualização 11 de janeiro de 2022

Não olhe para cima.

Um dos filmes mais comentados da virada de 2021 para 2022 é Don’t Look Up. Uma sátira sobre a sociedade em que aspectos como o negacionismo, a comunicação por meio de pós-verdade e todas as questões relacionadas a determinado meteoro ainda estão gerando um buzzfeed absurdo. Mesmo passadas duas semanas e algumas outras boas estreias de sua entrada em cartaz na Netflix. A sátira, com interessante abordagem repleta de cinismo, divide opiniões, gera polêmica e interpretações, às vezes, diametralmente opostas. Mas há um ponto pacífico nela. A economia. Para quem ainda não viu: não vou contar! Só quero chamar a atenção para um comportamento típico na relação Política x Economia. E como ela é definidora nos processos de decisão.  Não olhe para Cima, o título em português – um dos raros literais – nos mostra com pouca sutileza que, até em momentos drasticamente críticos, prevalecerão interesses de alguma cadeia de negócios. Em detrimento das pessoas ou da preservação da humanidade. No filme de Adam McKey, dois cientistas avisam à presidente da República da maior nação do Planeta que um meteoro vai atingir a Terra e destruí-la em poucos meses. Não são desacreditados, porém ganham um tipo de funcionalidade muito comum nos dias atuais: a exploração midiática. Enquanto genuinamente preocupados davam entrevistas, negociações ocorriam entre políticos e o CEO de empreendimento trilionário na área de tecnologia, uma Big Tech.  Nesse meio tempo, o meteoro fazia seu trajeto em direção aos humanos. Em vez da solução dos cientistas, optou-se pela grande estratégia de negócios do Rei da Tecnologia, que poderia ser alguém como Bezos, Gates, Musk, Branson ou o in memorian Jobs. A Big Tech salvaria o mundo. O final do filme, claro, não será contado por esta coluna que é contra spoilers. Mas uma coisa eu faço questão de ratificar, uma vez mais. Tudo – T U D O – é Economia.

 

Richard Branson, dono da Virgin/Divulgação

 

O PIB da Apple, senhoras e senhores!

 

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Valor da mação: US$ 3 trilhões/Divulgação

Já que estamos falando sobre Big Techs, a Apple divulgou o seu valor de mercado. A cifra é astronômica, para manter o tema espacial. São US$ 3 trilhões. O equivalente a R$ 17 trilhões, na moeda brasileira. Ontem falamos do PIB trimestral do Brasil: R$ 2,2 trilhões. Em 2020, último dado consolidado, todas as riquezas produzidas pela economia nacional chegaram a R$ 7,5 trilhões. É. Estou fugindo da regra de não comparar alhos com bugalhos. Mas essa correspondência dá uma noção do tamanho que empresas como a Apple (e suas concorrentes) conseguiram atingir. Seu valor é muitas vezes maior que a economia de um país continental como o Brasil. A legendária fabricante do item de consumo mais desejado – o IPhone – é a primeira a atingir este patamar. A empresa cresceu US$ 1 trilhão em 2018 e, em 16 meses durante a pandemia, outros US$ 2 trilhões. E, sim, a tecnologia foi uma das cadeias produtivas que ganharam durante a crise do coronavírus. As ações da Apple subiram 3% passando a custar US$ 182,86. Em reais, para a gente ter uma ideia mais clara: cada papel da empresa custava R$ 1.036,82 no fechamento da segunda-feira (3). Era só isso mesmo.

 

De volta à realidade…

 

Em 2021, cinco mercados cresceram bastante na economia brasileira. Com pandemia e tudo! Tem aquela máxima chinesa de que “nas crises, estão as oportunidades”. Então, pegue-as! Alguns setores apresentam ótimos resultados e prometem continuar crescendo. A explicação é simples: fortaleceram-se ou surgiram em função das demandas decorrentes da mudança de hábito dos consumidores. O primeiro, claro, é o e-commerce. Mesmo não sendo novidade, com o longo período de isolamento social, ocorreu expansão no consumo pela internet. Segundo a plataforma Ebit, o mercado cresceu 26% em 2021. Em seguida, aparecem os cursos online. Muitos profissionais aproveitaram as circunstância e, do limão, fizeram uma limonada. Para ganharem reposicionamento no mercado, buscaram qualificação. A procura cresceu 130%.  Mercado pet: você sabia que o Brasil tem a terceira maior população pet do mundo? A pandemia intensificou o relacionamento dos donos com seus animais de estimação, consequentemente os cuidados e gastos também aumentaram nesse período. Empresas do setor se adequaram ao mercado online para aumentar as vendas em 2021. Em quarto lugar, vem o delivery. Quem nunca? O serviço  cresceu exponencialmente. Se já vinham ganhando espaço antes da pandemia, durante o isolamento social, acabaram trazendo novos negócios. E por último mas não menos importante, o mercado de beleza e cosméticos. Como assim? Já é uma característica do Brasil. Estamos em quarto lugar no ranking mundial do mercado da beleza. Atrás de Estados Unidos, Japão e China. Em 2021, o crescimento estimado é de 4,5% no número de novos salões no país.

 

Mercado de startups também cresce.

 

As startups, aquelas empresas antes chamadas de incubadas quando começaram a surgir lá pelos anos 1990 do século 20, também são um setor com motivos para comemorar. São mais de 1.400 novas empresas emergentes abertas em 710 cidades espalhadas por todo o território nacional. Dados da Associação Brasileira de Startups, de 2015 até 2019, apontam que o número saltou de uma média de 4.100 para 12.700 startups criadas, representando aumento de 207%. São Paulo lidera o ranking, com 4.027 empresas, seguido de Minas Gerais, com 1.240, Rio Grande do Sul, com 976 e Rio de Janeiro, com 880. No Ceará, mapeamento feito pelo Ambiente Local de Empreendedorismo (ALE) mostra que as iniciativas de apoio às startups cresceram 30% no Estado, em relação ao período pré-pandemia. Hoje, são 316 startups ativas no Estado.  No que se refere ao mercado de atuação, 9% das brasileiras são voltadas para a educação, 7% com foco em serviços, 6% atuam em finanças e 5% estão ativas no setor de saúde e bem-estar. Entre as startups brasileiras, 47% têm como público alvo o B2B. Ou seja, negócios para negócios;. Outros 29% para B2B2C (negócios para negócios e consumidores) e 19% B2C, negócios para o consumidor.

 

#PensamentoEconômico

 

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Anaïs Nin/Divulgação

“A vida encolhe ou se expande na medida da coragem de uma pessoa.”

 

O #PensamentoEconômico de hoje traz a escritora, feminista ao seu modo, e ativista cultural Anaïs Nin. Nascida em 1903 na França, com ascendência cubana e catalã, foi uma revolucionária das artes e do comportamento feminino. Produtiva, atuou em várias áreas . E seu pensamento sobre coragem pode e deve ser aplicado à Economia. Porque também o desenvolvimento se expande ou encolhe na medida da coragem dos gestores na adoção de políticas que mantenham a roda da economia real girando.

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