Bolsa de Nova York

Ações da Kenvue, dona do Tylenol, sobem 6% após Trump fazer alegações sem provas

Por Redação - Em 23/09/2025 às 12:01 PM

Kenvue

A Kenvue, separada da Johnson & Johnson em 2023, também negou qualquer base científica para as declarações

As ações da Kenvue (KVUE), dona do Tylenol, subiram 6% nesta terça-feira (23) na Bolsa de Nova York, recuperando parte das perdas registradas no dia anterior, quando os papéis fecharam no menor patamar desde a abertura de capital. A recuperação ocorreu após a repercussão das falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu uma ligação entre o uso de paracetamol na gravidez e o risco de autismo — hipótese rejeitada pela comunidade científica.

Analistas destacaram que a reação inicial negativa foi amenizada pela ausência de novas evidências apresentadas. “O mercado temia um anúncio mais contundente. Como não houve dados científicos que comprovassem a associação, a pressão sobre a ação diminuiu”, avaliou James Harlow, vice-presidente da Novare Capital Management.

Autoridades reforçam segurança

Órgãos reguladores da União Europeia e do Reino Unido reiteraram nesta semana que o paracetamol continua sendo considerado seguro durante a gestação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também reforçou que não há comprovação científica de relação causal entre o medicamento e o autismo, pedindo cautela em interpretações precipitadas.

A Kenvue, separada da Johnson & Johnson em 2023, também negou qualquer base científica para as declarações. Segundo a companhia, a disseminação de informações sem respaldo técnico pode colocar em risco a saúde de gestantes. O Tylenol representa aproximadamente US$ 1 bilhão em vendas anuais, de acordo com estimativa da Morningstar.

Posição médica

Especialistas consultados reforçam o consenso internacional. Para o psiquiatra Vinicius Barbosa, do Hospital Sírio-Libanês, “o paracetamol continua sendo seguro na gravidez quando usado nas doses recomendadas”. A neuropsicóloga Priscilla Godoy, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, acrescentou que estudos observacionais apontaram apenas associações estatísticas frágeis, que podem estar ligadas a fatores genéticos ou clínicos, como febre. A psiquiatra Flavia Zuccolotto destacou que entidades médicas mantêm a recomendação de uso para gestantes.

Perspectivas

O Citi avalia que o risco jurídico para a Kenvue é limitado, mas reconhece que a percepção do consumidor pode ser afetada. Já a FDA anunciou que os rótulos do Tylenol e de versões genéricas devem passar a mencionar estudos sobre possíveis riscos em gestantes, embora sem comprovação de causa e efeito.

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