AÇÃO ESTRATÉGICA

Acordo bilionário entre EUA e Japão redesenha cenário comercial global

Por Redação - Em 23/07/2025 às 9:18 AM

O acordo marca o ápice de uma série de negociações comerciais iniciadas durante a administração Trump, que apostou em tarifas como instrumento de pressão diplomática

Em um movimento estratégico que pode redefinir o equilíbrio econômico entre duas das maiores potências mundiais, Estados Unidos e Japão firmaram um acordo comercial de grande escala, envolvendo tarifas, investimentos e compromissos bilaterais. O pacto, anunciado pelo ex-presidente Donald Trump, promete injetar US$ 550 bilhões na economia americana por meio de investimentos e empréstimos provenientes de instituições japonesas, em troca de alívio tarifário para produtos-chave do Japão — especialmente automóveis.

O acordo, embora ainda envolto em detalhes pouco transparentes, marca o ápice de uma série de negociações comerciais iniciadas durante a administração Trump, que apostou em tarifas como instrumento de pressão diplomática. Agora, o Japão — tradicional aliado estratégico dos EUA no Pacífico — obtém uma redução significativa nas tarifas sobre seus veículos exportados, que passam de 27,5% para 15%. Produtos agrícolas e industriais que enfrentariam novas barreiras a partir de agosto também foram beneficiados com cortes tarifários.

Impacto imediato nos mercados

O impacto da notícia foi sentido imediatamente no mercado financeiro asiático. O índice Nikkei, principal termômetro da bolsa de Tóquio, saltou quase 4%, seu maior pico em um ano. As montadoras lideraram os ganhos: ações da Toyota dispararam mais de 14%, enquanto a Honda valorizou-se quase 11%. Para analistas, a resposta dos mercados reflete a confiança renovada no fluxo de comércio entre os dois países — um respiro após anos de incertezas provocadas pela guerra comercial com a China.

Um pacto além das tarifas

Segundo o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, o acordo representa “a menor taxa já aplicada entre países com superávit comercial com os EUA”. O Japão mantém atualmente um superávit de quase US$ 70 bilhões nas relações comerciais com os Estados Unidos. Mais do que um simples alívio tributário, o pacto também inclui um robusto pacote financeiro com foco em cadeias de fornecimento em setores estratégicos como semicondutores e farmacêuticos áreas cada vez mais sensíveis na nova economia geopolítica.

Além disso, o Japão se comprometeu a ampliar a importação de produtos agrícolas americanos, como arroz, embora Ishiba tenha garantido que “a agricultura japonesa não foi sacrificada” no acordo.

Relações bilaterais

“Acabei de assinar o maior acordo comercial da história com o Japão”, celebrou Trump em sua plataforma Truth Social, reiterando a importância da parceria entre as duas nações. O tom triunfante, porém, contrasta com o momento político delicado vivido por Ishiba, que recentemente negou rumores de renúncia após um revés nas eleições parlamentares.

Com o comércio bilateral alcançando US$ 230 bilhões em 2024, o pacto simboliza não apenas um realinhamento comercial, mas também uma tentativa de reposicionamento estratégico diante das crescentes tensões globais — em especial com a China e a Rússia.

O acordo, ainda sujeito a desdobramentos e avaliações técnicas, sinaliza uma nova fase de interdependência entre Tóquio e Washington — e, talvez, um modelo para futuras negociações multilaterais.

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