O agronegócio cearense fechou os 11 primeiros meses de 2025 em um patamar inédito, reafirmando seu papel estratégico como um dos pilares mais sólidos da economia estadual. Levantamento coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), por meio da Secretaria Executiva do Agronegócio, revela que as exportações dos principais setores alcançaram US$ 453,3 milhões – uma expansão de 21,96% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Porto do Pecém é o principal terminal exportador do agro cearense                  Foto: Tatiana Fortes/SDE

Entre os principais destaques está a castanha de caju, símbolo histórico da agroindústria local. O segmento apresentou um crescimento relevante de 88,84%, somando US$ 66,9 milhões em vendas externas. Com esse desempenho, o Ceará responde por mais de 94% das exportações brasileiras de amêndoas de caju, impulsionado pela recuperação dos preços internacionais e pela forte demanda de mercados como Estados Unidos e Europa.

O setor de frutas também registrou avanço robusto, com exportações de US$ 95,7 milhões – alta de 31,86%. Melões e melancias lideraram os embarques, tendo como destinos principais os Países Baixos, o Reino Unido e a Espanha, consolidando o Ceará como fornecedor confiável e de grande importância para o mercado europeu.

Outro produto emblemático é a cera de carnaúba, cuja exportação cresceu 35,91%, alcançando igualmente US$ 95,7 milhões. O Estado mantém sua posição como principal exportador nacional, responsável por 74% das vendas brasileiras, abastecendo cadeias industriais da China, Alemanha e Estados Unidos. E no segmento de pescados, até novembro soma US$ 93,4 milhões, com a lagosta permanecendo como principal item da pauta, tendo os Estados Unidos como maior destino.

Política pública e presença internacional

Para Silvio Carlos, secretário executivo do Agronegócio da SDE, os números refletem uma estratégia clara de desenvolvimento. “O Governo do Ceará reafirma o compromisso de seguir investindo em competitividade, modernização produtiva e sustentabilidade. O objetivo central é garantir que o sucesso nas exportações se traduza em emprego e renda para os produtores e trabalhadores do interior, consolidando o Ceará como um protagonista sustentável no comércio exterior brasileiro”, afirma.

A presença ativa da SDE em eventos nacionais e internacionais tem sido decisiva na prospecção de novos investimentos e mercados. Em 2025, a secretaria participou de agendas estratégicas como Fruit Logística, em Berlim; Fruit Attraction Madri; missões internacionais ao Chile e à Espanha; além de eventos nacionais como Fruit Attraction Brasil, Fenicafé, Feira Internacional da Irrigação (FIIB) e a COP 30, ampliando a visibilidade do agronegócio cearense no mercado global.

Equipes da SDE e do Complexo do Pecém na Fruit Logística 2025          Foto: Ascom/Complexo do Pecém

Investimentos e interiorização

Outro marco relevante do ano foi a assinatura do Protocolo de Intenções em Inovação Agropecuária pelo titular da SDE, Domingos Filho, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A iniciativa fortalece a cooperação institucional para acelerar ações voltadas à inovação no campo, elemento-chave para a competitividade de longo prazo.

A política de atração de investimentos também apresentou resultados concretos. Entre os empreendimentos de destaque está a implantação da Oboya Substratos, empresa chinesa instalada em Itapipoca, especializada em insumos e soluções automatizadas para a horticultura. A iniciativa integra o esforço de interiorização do desenvolvimento conduzido pela SDE.

Por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico (Condec), o Estado firmou protocolos de intenções com 80 empresas em 2025, com potencial de gerar mais de 11.950 empregos diretos e investimentos superiores a R$ 10,3 bilhões, beneficiando regiões como Cariri, Centro-Sul e Ibiapaba.

Em Morada Nova, no distrito de São João do Aruarú, a instalação da empresa Itaueira marca um novo ciclo produtivo com o plantio de melancia e melão. Atualmente, o empreendimento já gera cerca de 1.600 empregos diretos, com projeção de alcançar 3 mil postos de trabalho nos próximos três anos. Os investimentos ultrapassam R$ 80 milhões.

A chegada da empresa foi viabilizada pelos investimentos do Governo do Ceará na ampliação da rede de distribuição de energia, com recursos superiores a R$ 33 milhões para a construção de uma linha de 69 kV, beneficiando consumidores de toda a região e criando as condições necessárias para a geração de emprego e renda.