A iniciativa ocorre paralelamente ao processo de melhorias do A350-1000, que enfrenta desafios operacionais em regiões de clima quente, onde os motores sofrem desgaste acelerado FOTO: Pixabay

A Airbus voltou a considerar o desenvolvimento de uma versão maior da família A350, movimentando novamente a disputa global por aeronaves de grande capacidade. A informação foi confirmada pelo presidente-executivo da divisão de aviação comercial, Christian Scherer, nessa segunda-feira (17), após declarações da Emirates reacenderem a demanda por jatos bimotores mais robustos.

O assunto ganhou força durante o Dubai Airshow, evento no qual a Boeing anunciou que estuda alongar a família 777X, pouco depois de vender 65 unidades do modelo 777-9 para a Emirates. A Airbus já havia analisado anteriormente um projeto ampliado, conhecido internamente como A350-2000, pensado para competir diretamente com o 777-9, de cerca de 400 assentos.

Segundo Scherer, a pressão de companhias aéreas tem sido determinante para reavaliar o projeto. “Vários de nossos clientes estão pedindo que analisemos a possibilidade de aumentar o tamanho do avião, pois isso poderia ser uma solução importante para seus planos de expansão. E é isso que estamos estudando”, afirmou.

A iniciativa ocorre paralelamente ao processo de melhorias do A350-1000, que enfrenta desafios operacionais em regiões de clima quente, onde os motores sofrem desgaste acelerado. Em 2023, a Airbus não conseguiu fechar vendas desse modelo com a Emirates, que preferiu o A350-900 devido a preocupações com o desempenho do motor Rolls-Royce Trent XWB-97.

A Rolls-Royce trabalha em atualizações para esse motor, o que, segundo Scherer, pode abrir caminho para um eventual A350 maior e retomar as discussões com a Emirates.
“Estamos satisfeitos com o desempenho comercial do A350-1000. Não desistimos da Emirates”, disse.

A possível expansão da linha A350 reacende um debate iniciado há mais de uma década entre Airbus e Boeing sobre o futuro dos jatos de grande porte, após a aposentadoria gradual dos aviões de quatro motores. A Boeing defende que o novo 777X terá vantagem econômica graças aos motores GE9X e ao projeto de asas em compósito. Já a Airbus argumenta que o desempenho superior da estrutura em fibra de carbono do A350 seria ainda mais eficiente em um modelo de maior porte.

Especialistas avaliam que o rumo da disputa dependerá sobretudo da evolução dos motores, ponto central para determinar alcance, economia e capacidade. Para o setor, um novo capítulo da concorrência entre os gigantes da aviação comercial está apenas começando.