Se confirmado, o acordo Mercosul–União Europeia será o maior tratado comercial do mundo, reunindo cerca de 718 milhões de pessoas e um PIB combinado estimado em US$ 22 trilhões

Autoridades da União Europeia avaliam viajar ao Brasil na próxima semana para a possível formalização do acordo comercial entre o Mercosul e o bloco europeu, prevista para ocorrer em Foz do Iguaçu (PR). A vinda das lideranças, no entanto, depende da aprovação final do tratado pelo Conselho Europeu, cuja decisão deve ser tomada na véspera da assinatura.

Mesmo com a sinalização de resistência por parte de países como França e Polônia, o cenário mais provável é de aval ao acordo. Juntos, os dois governos não reúnem peso suficiente para impedir a aprovação, que exige o apoio de ao menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população da União Europeia.

Caso o sinal verde seja dado, a assinatura deverá ocorrer durante a reunião de cúpula do Mercosul, marcada para o dia 20, quando chefes de Estado dos países do bloco sul-americano estarão reunidos no Brasil. Inicialmente, havia a possibilidade de adiamento do encontro por questões de agenda de alguns presidentes, mas a expectativa agora é de manutenção da data.

Estão entre os nomes que se preparam para a viagem o presidente do Conselho Europeu, António Costa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, responsável pela assinatura do acordo em nome da UE. Também é considerada a presença de um representante da Dinamarca, que exerce a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.

A recente aprovação de salvaguardas agrícolas pelo Parlamento Europeu reacendeu debates internos sobre o tratado, mas, segundo fontes diplomáticas, a medida tende a reduzir resistências políticas e facilitar o consenso entre os países mais cautelosos. Ainda assim, interlocutores admitem cautela, diante do histórico de avanços e recuos das negociações, que se estendem por mais de duas décadas.

Se confirmado, o acordo Mercosul–União Europeia será o maior tratado comercial do mundo, reunindo cerca de 718 milhões de pessoas e um PIB combinado estimado em US$ 22 trilhões. Para o Brasil, o pacto é considerado estratégico, tanto pela relevância da UE como segundo maior parceiro comercial do País quanto pelo potencial de ampliar investimentos, diversificar mercados e integrar a indústria brasileira às cadeias produtivas europeias.