Em meio à agenda diplomática que movimenta os bastidores da COP30, o Brasil apresentou uma demonstração concreta de inovação alinhada à pauta global de descarbonização. A visita conjunta do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, ao lounge onde está exposta o barco-escola JAQ H1 – primeiro do mundo movido a Hidrogênio Verde (H²V) – reforçou o compromisso do País em transformar potencial em política pública efetiva.

Ministro Rui Costa conheceu detalhes da embarcação JAQ H1, movida a Hidrogênio Verde, que está sendo exposta durante a COP30, em Belém                                         Foto: Johnys Alves/Revista Náutica

Recepcionados por Ernani Paciornik, idealizador do Projeto JAQ Hidrogênio e presidente do Grupo Náutica, em parceria com instituições como Itaipu Parquetec e GWM, as autoridades conheceram de perto a embarcação de 36 metros que marca o início de um projeto inédito no cenário internacional.

Na oportunidade, o ministro confirmou que o decreto que regulamenta as Leis do Hidrogênio será assinado ainda este ano. O texto também institui o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, que prevê a liberação de R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais até 2032 para fomentar projetos capazes de tornar o H²V economicamente competitivo. O decreto aguarda apenas o aval da Casa Civil.

Amplo potencial energético

Rui Costa destacou o vasto potencial brasileiro, tanto no litoral quanto nas regiões interiores. “O Hidrogênio veio para ficar, agora é ganhar escala e baratear custos tanto para navios de serviços, mas também para barcos à população, como os de transporte”, afirmou.

O ministro da Casa Civil reforçou ainda a ambição do País em se consolidar como liderança global na transição energética. “Queremos que o Brasil se torne uma referência em Hidrogênio Verde e geração de energia limpa, e passe a abrigar data centers como os setores de energia solar e de energia eólica”, disse.

Ele ressaltou a urgência do processo e a expectativa por resultados no curto prazo. “Estamos fazendo rápido (o decreto) para que até final do ano já possamos começar a colher os frutos, como este (JAQ Hidrogênio) e outros projetos que estão em curso que apoiamos. Estamos focados no apoio ao Hidrogênio Verde e na geração de energia. Isso tudo se complementa e que o Brasil possa estar na liderança da energia consumida ser a mais limpa do mundo”, declarou RuiCosta.

Embarcação-escola JAQ H1 está sendo apresentada durante a realização da COP30, na capital do Pará

Impacto ambiental e educacional

Em conversa com a comitiva, Ernani Paciornik destacou o impacto ambiental e educacional do projeto. “Nosso objetivo é cuidar dos biomas, navegar sem poluir e, ao mesmo tempo, levar educação, e mostrar que o Brasil está preparado para liderar essa transformação e o apoio do Governo é fundamental”.

O Projeto JAQ tem como missão unir educação ambiental, pesquisa científica e inovação tecnológica, abrindo caminho para que o Brasil se torne referência global no uso de energia limpa no transporte marítimo. Atualmente exposta ao público na Estação das Docas, em Belém, a JAQ H1 opera sua hotelaria interna com zero emissões, a partir de células a combustível, na fase inicial.

O plano de expansão inclui a futura JAQ H2, prevista para 2027, que será 100% autossuficiente, produzindo seu próprio hidrogênio a partir da água do mar. Já a JAQ H1 – além de suas operações internas movidas a H²V – receberá no próximo mês motores híbridos capazes de reduzir em 80% as emissões de carbono, operando com apenas 20% de hidrogênio.