O levantamento ainda chama atenção para as desigualdades educacionais no acesso aos empregos do futuro: 42% dos jovens negros entre 18 e 24 anos estão fora da escola ou do ensino superior, contra 22% entre os brancos FOTO: Freepik

A economia de baixo carbono pode abrir até 15 milhões de novas vagas de trabalho no Brasil até 2050, segundo estudo da Agenda Pública em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen. O levantamento, intitulado “Empregos do Futuro no Brasil: Transição Justa para Economias de Baixo Carbono”, analisa como a descarbonização poderá transformar o mercado de trabalho e impulsionar o desenvolvimento regional.

De acordo com o coordenador da pesquisa, Sergio Andrade, o potencial de geração de empregos está diretamente ligado à capacidade dos municípios de se adaptar às novas demandas econômicas. “Os territórios mais expostos à descarbonização podem se tornar protagonistas da nova economia, desde que tenham políticas de qualificação, acesso a financiamento e capacidade institucional”, destacou.

O estudo apresentou o Índice de Capacidade de Transição Sustentável Municipal (ICTSM), ferramenta que mede a vulnerabilidade e a capacidade de adaptação das cidades em uma escala de 0 a 1. O índice considera fatores como capital humano, inovação e tecnologia, diversificação econômica, capacidade fiscal e dinamismo empresarial.

A análise também traça cenários regionais. Estados como Rio de Janeiro devem requalificar trabalhadores do setor de petróleo e gás; Bahia e Pernambuco têm potencial para avançar em hidrogênio verde e biotecnologia; São Paulo deve liderar a manufatura digital e os veículos elétricos; enquanto Mato Grosso, Pará e Maranhão enfrentam o desafio de diversificar economias ainda dependentes da agropecuária e mineração.

O levantamento ainda chama atenção para as desigualdades educacionais no acesso aos empregos do futuro: 42% dos jovens negros entre 18 e 24 anos estão fora da escola ou do ensino superior, contra 22% entre os brancos. “A transição justa é também uma agenda de inclusão e modernização produtiva”, reforçou Andrade.

Os resultados da pesquisa serão discutidos nesta quarta-feira (12) durante a COP30, que ocorre em Belém (PA) até 21 de novembro, reunindo representantes de 194 países e da União Europeia.