Acordo iminente
Brasil pode virar vitrine para grifes de relógios de luxo
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 26/05/2025 às 12:39 PM

Freddy Rabbat, distribuidor da TAG Heuer e vice-presidente da Associação Brasileira das Marcas de Luxo (Abrael) Foto: Divulgação/@Luprezia
Um acordo comercial entre o Mercosul e a EFTA — bloco liderado pela Suíça e formado ainda por Noruega, Islândia e Liechtenstein — pode transformar o Brasil em um destino estratégico para marcas de relógios de luxo. Segundo matéria publicada pela Bloomberg Línea, a expectativa é de que, com a redução das tarifas de importação, dezenas de grifes hoje ausentes do país passem a investir no mercado nacional.
“Se o acordo for ratificado, haverá um enxame de marcas suíças se estabelecendo no Brasil”, afirmou à Freddy Rabbat, distribuidor da TAG Heuer e vice-presidente da Associação Brasileira das Marcas de Luxo (Abrael).
Mercado promissor, mas desafiador
Apesar da demanda crescente e do perfil sofisticado do consumidor brasileiro, o país ainda é considerado um ambiente hostil para marcas internacionais. A alta carga tributária pressiona as margens de lucro e inibe a presença local — muitas empresas optam por vender apenas no exterior.
“O consumidor brasileiro pesquisa, compara e compra fora. Não aceita pagar o dobro do preço no Brasil”, observou o executivo. O resultado, segundo ele, é um varejo enfraquecido, com menos empregos e menor arrecadação de impostos. Uma revisão nas tarifas de importação, acredita, poderia multiplicar as vendas internas de relógios de luxo de cinco a dez vezes.
México como referência
Rabbat aponta o México como exemplo de política eficaz. No último trimestre de 2024, o país importou US$ 110 milhões em relógios suíços, enquanto o Brasil somou menos de US$ 18 milhões.
Para o executivo, a diferença não reflete menor interesse por parte do consumidor brasileiro, mas sim a decisão de comprar no exterior, onde os preços são mais competitivos.
Oportunidade global
As tensões comerciais entre Estados Unidos e Suíça também podem favorecer o Brasil. Com o aumento das tarifas norte-americanas sobre produtos suíços, o mercado brasileiro tende a se tornar relativamente mais atrativo. “O mundo está ficando mais parecido com o Brasil em termos de impostos. Isso pode nivelar o jogo”, avaliou.
A mudança no comportamento dos consumidores também contribui para esse cenário. “Hoje, adolescentes já se interessam por relógios automáticos. O pulso virou uma vitrine de identidade”, destacou Rabbat.
Para ele, reconhecer o valor econômico do consumo de luxo é uma estratégia inteligente. “Não se trata apenas de luxo. É emprego, arrecadação e desenvolvimento”, concluiu.
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