
Pesquisa TIC Empresas
Brasil tem base para crescer com IA, mas precisa acelerar a adoção
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 14/05/2025 às 2:05 PM

Leonardo Melo Lins, coordenador da pesquisa Tic Empresas, conduzida pelo Cetic.br Foto: Divulgação
Com infraestrutura de conectividade avançando a passos largos, o Brasil já tem uma base sólida para entrar de vez na era da inteligência artificial (IA). No entanto, o ritmo de adoção ainda está longe do ideal. Apenas 13% das empresas no país utilizaram soluções de IA nos últimos dois anos, segundo a 16ª edição da pesquisa TIC Empresas, conduzida pelo Cetic.br.
O levantamento, que ouviu mais de quatro mil companhias de diferentes portes e regiões, revela que o uso da tecnologia segue restrito principalmente às grandes corporações. E mesmo nesses casos, a maioria opta por soluções prontas, desenvolvidas por terceiros.
“Ainda é um recurso concentrado nas grandes empresas, que têm capital e profissionais especializados”, afirma Leonardo Melo Lins, coordenador da pesquisa.
Boa conexão, uso incipiente
Se por um lado a adoção da inteligência artificial ainda engatinha, por outro a infraestrutura de conectividade mostra avanços expressivos. A pesquisa revela que 92% das empresas já operam com internet por fibra óptica, e 28% contrataram planos com velocidade superior a 500 Mbps em 2024 — um salto de sete pontos percentuais em relação a 2021.
“É um sinal promissor. A conexão é a base para que a inovação floresça. Mas transformar esse acesso em vantagem competitiva exige mais do que banda larga: exige estratégia e qualificação”, pontua Lins.
Para ele, a verdadeira revolução digital passa pelo uso da IA em processos estruturais, e não apenas por chatbots ou automatizações superficiais.
Ecossistema ainda em construção
O desafio, no entanto, vai além da conexão. A criação de um ecossistema robusto, capaz de gerar e sustentar soluções próprias, depende da articulação entre empresas, universidades e governo. Hoje, só 20% das empresas que usam IA desenvolveram essas soluções internamente, e apenas 9% firmaram parcerias com instituições acadêmicas — números considerados baixos para quem busca competitividade global.
Lins destaca que em países como China e Estados Unidos, esse modelo colaborativo já está consolidado. No Brasil, embora o governo tenha anunciado um plano ambicioso — com R$ 23 bilhões previstos até 2028 para impulsionar a IA —, o sucesso depende da continuidade e da boa coordenação das ações.
A movimentação internacional também tem sido parte da estratégia: em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve nos Estados Unidos para dialogar com gigantes como Google e Nvidia sobre investimentos em data centers sustentáveis no país. O potencial estimado gira em torno de R$ 2 trilhões.
Apesar das barreiras, Lins mantém uma visão otimista: “O Brasil tem condições de dar um salto digital. A infraestrutura está em evolução. O próximo passo é saber escolher e aplicar as tecnologias certas, o que exige investimento em gente, em formação e em visão de futuro”.
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