Rebanho menor e imposição de tarifas de importação estão entre os fatores para o aumento dos preços FOTO: Freepik

Depois de os ovos se tornarem símbolo da alta dos alimentos no inverno passado, os hambúrgueres podem ser os próximos a pesar no bolso do consumidor norte-americano. O preço da carne bovina segue em trajetória de alta e deve alcançar novos recordes nos próximos meses, segundo projeções da Parker-Migliorini International (PMI Foods).

O aumento é consequência da oferta limitada de gado nos Estados Unidos, que enfrenta o menor rebanho em décadas e restrições sanitárias às compras do México. Dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho indicam que agosto registrou o maior avanço mensal em quase quatro anos, consolidando oito meses seguidos de alta.

A pressão foi parcialmente aliviada pelas importações, sobretudo do Brasil, cujos embarques quase dobraram até julho. A carne brasileira, usada em misturas para produção de hambúrgueres, ajudou a equilibrar o mercado. No entanto, a tarifa adicional de 40% imposta pelo governo Trump em agosto praticamente inviabilizou os novos envios. Hoje, os produtos brasileiros pagam 76,4% em impostos para entrar nos EUA.

Com a saída do Brasil, outros fornecedores devem ganhar espaço. A Austrália, que projeta safra recorde em 2025 e paga apenas 10% de tarifa, já ampliou em 22% seus embarques para os EUA. Uruguai e Argentina também aumentaram as vendas, ainda que enfrentem tarifas de 36,4% fora das cotas livres de imposto.

Mesmo assim, especialistas alertam que a oferta pode não ser suficiente para conter os preços. “Todo mundo está tentando se antecipar, mas não acredito que haja volume para suprir a demanda. Quem perde no final é o consumidor americano”, afirmou Darin Parker, presidente da PMI Foods.