preço do sonho
Casas por 1 euro na Itália: saiba como concorrer aos editais e qual o valor médio das reformas
Por Marlyana Lima - Em 20/05/2025 às 5:57 PM

Itália tem várias “comunas” que aderiram ao programa de venda de casas antigas a 1 euro
Imagine caminhar por uma vila italiana e descobrir que uma das casas históricas, talvez com séculos de história, pode ser sua por apenas 1 euro. O programa Case a 1 Euro já foi descrito como o bilhete dourado para uma vida na Itália. Mas, como todo sonho bem costurado, ele vem com exigências e nuances que merecem atenção.
A proposta nasceu da necessidade de enfrentar um desafio persistente: o despovoamento de vilarejos que hoje lutam contra o silêncio. Em 2008, na comuna de Salemi, na Sicília, a primeira iniciativa foi lançada pelo historiador e político Vittorio Sgarbi. A ideia era revitalizar casas abandonadas. Em contrapartida, o comprador teria que reformar o imóvel, mantendo suas caraterísticas principais, e se comprometer com a comunidade – através de projetos sociais, culturais ou empresariais.
Hoje, dezenas de cidades italianas — de Mussomeli, na Sicília, a Taranto, na Puglia — aderiram ao programa, e os olhos de muitos estrangeiros, especialmente os brasileiros, se voltaram com entusiasmo para essas oportunidades.
Brasileira reúne grupo de interessados
Natural do Paraná, e herdeira de bisavós vindos do Vêneto, na Itália, a empresária Dinara Jane Rodrigues decidiu ajudar os interessados do Brasil e até de Portugal a concretizar o sonho de ter uma casa italiana pela quantia simbólica de 1 Euro. Dona da Reforma Fit, empresa de Construção e Reformas, com unidades em Curitiba e Londrina, ela entrou em contato com as prefeituras das Comunas que aderiram ao projeto e levantou todas as informações necessárias para quem deseja concorrer ao Edital de venda. O resultado virou um e-book, no qual ela ensina como, quando e onde encontrar a casa que cabe no bolso e nos planos do interessado.

Dinara Jane Rodrigues ajuda brasileiros a entender o processo de compra dos imóveis na Itália
“Minha formação em Gestão de Obras e Preservação do Patrimônio Histórico foi o ponto de partida para uma jornada que, ao lado de meu marido Lucio Rogério — engenheiro — nos levou a adquirir nossa própria casa de 1 euro na Puglia. Ali, planejamos fundar um pequeno centro de estudos sobre técnicas tradicionais de construção, compartilhando saberes e experiências com outros brasileiros que buscam esse mesmo reencontro com suas raízes”, conta a paranaense.
A partir daí, Dinara vem recebendo pedidos de interessados que buscam ajuda para trilhar essa jornada. Atualmente ela está acompanhando um grupo com seis possíveis compradores. “São pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e até um morador de Portugal“, conta.
Segundo Dinara, novos editais acabaram de ser abertos e nos próximos dias, ela já embarca para a Itália com intuito de verificar de perto as ofertas em diversas Comunas. Algumas, inclusive, têm programas de adesão no qual o comprador recebe uma ajuda de até 60 mil euros para investir na reforma. Nesse caso, há mais exigências, como, por exemplo, morar no local por no mínimo 10 anos.
Taxas, impostos, reforma e visto
Dinara Rodrigues enfatiza 1 Euro é o valor simbólico da venda enão será o preço total a se pagar. Será preciso investir na recuperação do imóvel que pode custar entre 20 mil e 80 mil euros, dependendo da área construída. Além disso há taxas de documentação que variam de 2 a 3 mil euros. Some-se a isso em torno de 3 mil euros para custear o laudo assinado por um engenheiro para protocolar o projeto e, no futuro, haverá o imposto predial (como o que existe no Brasil).

Casas oferecidas chegam a ser centenárias e ficam em pequenas comunidades
Por fim, e não menos importante, é preciso assumir compromissos legais junto à Prefeitura. E claro, há que se levar em conta o valor das passagens áreas e hospedagem já que é preciso ir presencialmente conferir o imóvel. Atualmente os estrangeiros que mais adquirem essas casas são oriundos dos Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal.
A empresária ressalta ainda que ter uma casa na Itália não garante o visto permanente ou algum tipo de “cidadania”. A cada seis meses, os moradores estrangeiros desses imóveis precisam justificar a permanência e renovar o visto para continuar no País.
Outro ponto para o qual chama atenção é as condições dos imóveis. As casas ofertadas são, em sua maioria, centenárias, com estruturas deterioradas, demandando reformas profundas — que vão de refazer telhados e sistemas elétricos à recuperação de elementos arquitetônicos tradicionais. O compromisso com a revitalização é formalizado logo no ato da compra.

Em Taranto, novos editais estão prestes a ser lançados com novas ofertas de casas por 1 Euro
O que é preciso fazer:
- Apresentação de um projeto de reforma em até 90 dias;
- Início das obras dentro de 12 meses;
- Conclusão em até 3 a 5 anos, dependendo do edital;
- Depósito caução entre 1.000 e 5.000 euros (reembolsável em geral após a conclusão das obras).
Os interessados devem apresentar:
- Documentação completa
- Passaporte válido
- Comprovantes financeiros
- Biografia resumida
- Carta de intenções (de como o comprador pretende cooperar para o bem comum da comunidade)
Algumas comunas pedem também prova de afinidade cultural com a localidade, o que reforça a proposta do programa: não apenas vender imóveis, mas recriar comunidades vivas.
Onde estão essas casas?
Embora o sul da Itália concentre a maior parte dos editais — especialmente regiões como a Sicília, Calábria, Molise e Puglia — há também iniciativas no norte, incluindo comunas no Piemonte e na Toscana. Entre os nomes mais conhecidos, destacam-se Mussomeli, Gangi, Salemi, Sambuca di Sicilia, e mais recentemente, Laurenzana e Taranto.
Prefeituras oferecem até ajuda em dinheiro para reforma
Há também programas paralelos que oferecem benefícios ainda mais generosos. Em 2022, a cidade de Presicce, por exemplo, ofereceu até 30 mil euros em doações para quem adquirisse e reformasse uma casa no centro histórico, com valores de compra a partir de 25 mil euros. Incentivos assim reforçam o apelo não apenas estético, mas econômico de investir na Itália rural.
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