Balança Comercial

Ceará dobra exportações de rochas ornamentais e ganha destaque internacional

Por Aflaudisio Dantas - Em 12/06/2025 às 4:21 PM

Rochas Ornamentais Ceaará

Os resultados colocam o Ceará como terceiro maior exportador do setor  Foto: divulgação/Fiec

As exportações de rochas ornamentais do Ceará deram um salto expressivo nos primeiros cinco meses de 2025, alcançando US$ 32,4 milhões — um crescimento de 126,9% em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado exportou US$ 14,3 milhões. Os dados são do estudo Comex Rochas Ornamentais, do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).

Com esse desempenho, o Ceará consolidou-se como o terceiro maior exportador brasileiro do setor, atrás apenas do Espírito Santo (US$ 507 milhões) e de Minas Gerais (US$ 50,6 milhões). O segmento, que representava 1,7% das exportações estaduais em 2023, passou a responder por 4,2% das vendas externas do Ceará até maio de 2025, demonstrando forte avanço na pauta exportadora local.

Quartzito impulsiona vendas e atrai atenção internacional

O principal motor desse crescimento é o quartzito, responsável por 69% do total exportado no período, com uma movimentação de US$ 22,3 milhões — aumento de 168,4% frente a 2024. O material, valorizado por sua resistência e apelo estético, tem sido cada vez mais requisitado por compradores internacionais.

“O Ceará é hoje a principal fronteira das pedras naturais no mundo”, afirma Carlos Rubens Alencar, presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (SIMAGRAN). Segundo ele, o estado é o único produtor do cobiçado Quartzito Taj Mahal, extraído pela Vermont Mineração, além de outras variedades que vêm ganhando projeção global, como Perla Venata, Matira, Nayca, Avohai, Perla Santana, Taj Gang e Perla Murano.

A gerente do CIN, Karina Frota, atribui o sucesso à exclusividade das rochas cearenses. “Temos materiais únicos, ricos em sílica e de alta qualidade estética. Isso torna o Ceará altamente competitivo no cenário internacional.”

Interior ganha protagonismo

O avanço do setor também é impulsionado pela interiorização da produção e das exportações. Uruoca lidera entre os municípios exportadores, com US$ 8,7 milhões em vendas — alta de 219,5%. Caucaia (US$ 5,2 milhões) e Santa Quitéria (US$ 3,3 milhões) completam o pódio, evidenciando o fortalecimento da cadeia produtiva no interior.

A expansão da atividade mineral tem contribuído para geração de emprego e renda em áreas rurais e semiáridas, como São Gonçalo do Amarante, Massapê, Banabuiú, Itaitinga e Icó — regiões apontadas como promissoras para a produção de rochas superexóticas.

Principais destinos e projeções otimistas

O crescimento das exportações foi alavancado por três grandes mercados: Itália (S$ 18,2 milhões em compras (56% do total), Estados Unidos (US$ 7,6 milhões) e China, que registrou o maior crescimento proporcional (US$ 5,1 milhões, +175%).

Segundo Carlos Rubens Alencar, o setor já atingiu quase 75% do total exportado em 2024 (US$ 43,3 milhões) apenas até maio deste ano. Com novos embarques programados, como o envio de 9,3 mil toneladas para a Itália nesta quinta-feira (12), a expectativa é de bater recorde anual nas exportações ainda em julho.

Desafios e próximos passos

Apesar dos números positivos, Alencar alerta para a necessidade de agregar valor à produção local. “Com incentivos à verticalização, podemos deixar de ser meros exportadores de blocos brutos e passar a vender produtos acabados, gerando mais empregos e movimentando outras cadeias industriais.”

A valorização global dos materiais naturais e o reconhecimento internacional da qualidade das rochas cearenses indicam que o estado está em trajetória sólida de crescimento e afirmação no mercado internacional de revestimentos.

“O que estamos vendo é apenas o começo. Com políticas certas e investimentos contínuos, o Ceará pode se tornar referência mundial em rochas ornamentais”, conclui Alencar.

 

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