O acordo foi feito após a assinatura de um novo protocolo sanitário durante reunião do Ministério da Agricultura e Pecuária com a vice-ministra da Administração Geral de Alfândegas chinesa Lyu Weihong, Foto: Divulgação

A China oficializou a abertura de seu mercado para o pescado brasileiro proveniente da pesca extrativista, criando novas perspectivas para as exportações nacionais. A medida foi consolidada após a assinatura de um protocolo sanitário entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC), durante reunião realizada em Brasília.

Com movimentação anual de quase US$ 18 bilhões, o mercado chinês é hoje um dos mais cobiçados para produtos pesqueiros. A expectativa é que o Brasil possa ampliar significativamente suas exportações, gerando novos empregos e fortalecendo a cadeia produtiva. Por ora, o acordo se restringe a pescados de origem extrativa — artesanal ou industrial —, desde que atendam aos requisitos sanitários exigidos pelas autoridades chinesas.

O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, destacou a importância do avanço nas relações comerciais. “Essa é uma reivindicação antiga do setor, que agora se torna realidade. É também uma sinalização de que muitas conquistas como esta ainda estão por vir”, afirmou.

Negociações amadurecidas desde 2016

A abertura do mercado chinês para pescados brasileiros é resultado de um processo de negociação que se estende desde 2016. Após a recriação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) em 2023, as tratativas ganharam novo fôlego com a retomada do diálogo no âmbito da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Além das rodadas de negociação, o Brasil também apostou na presença em eventos internacionais, como a China Fisheries & Seafood Expo 2024, em Qingdao, para promover seus produtos. A articulação contou com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

A perspectiva do setor é de que o acordo possa movimentar cerca de US$ 1 bilhão por ano, reforçando a importância da China como maior parceiro comercial do Brasil.

Impacto regional: oportunidades para o CE e o NE

A abertura do mercado chinês para os pescados brasileiros pode beneficiar de forma expressiva o Nordeste, especialmente estados como o Ceará, que possuem forte tradição na pesca artesanal e industrial. A costa nordestina concentra parte relevante da produção de pescado nacional, o que pode facilitar o atendimento às exigências sanitárias estabelecidas no protocolo.

Além disso, o potencial para gerar novos empregos e atrair investimentos logísticos e de processamento é visto como oportunidade para fortalecer ainda mais a economia da região. A depender da capacidade de adaptação e certificação das empresas locais, o Nordeste poderá se posicionar como um dos principais fornecedores para o novo mercado.

Embora, neste primeiro momento, o protocolo envolva apenas produtos da pesca extrativa, há expectativa de que futuras negociações ampliem também a exportação de pescado oriundo da aquicultura, setor no qual o Nordeste vem crescendo de maneira consistente.