
Consumo consciente
Consumidor brasileiro passa a priorizar marcas com compromisso ambiental
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 17/04/2025 às 8:00 AM

Selo ambiental já pesa mais que recomendação de amigos na hora da compra Foto: Freepik
O selo de sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial estético para assumir protagonismo nas decisões de compra do consumidor brasileiro. Uma pesquisa conduzida pela Ilumeo mostra que, para grande parte da população, indicadores de responsabilidade ambiental já superam até mesmo a tradicional influência de amigos e familiares na hora de escolher um produto.
Segundo o levantamento, 75% dos entrevistados afirmam conhecer o selo “eureciclo”, que atesta a compensação ambiental de embalagens por meio do apoio a cooperativas e operadores de reciclagem. Mais do que isso: 86% consideram essencial que produtos possuam algum tipo de certificação ambiental e 85% enxergam os selos como ferramentas confiáveis para garantir práticas eficazes de reciclagem.
A relevância desse comportamento ultrapassa o campo simbólico e começa a moldar o posicionamento estratégico das empresas. “O selo não é apenas um indicativo técnico de compensação. Ele representa confiança para o consumidor e uma ponte direta entre marcas e um público cada vez mais atento às práticas sustentáveis”, afirma Camila Bós Vidal, head de marketing da eureciclo.
Para o CEO da companhia, Marcos Matos, há um claro reflexo econômico e social nessa escolha. “Ao investir na reciclagem equivalente à quantidade de resíduos que geram, as empresas contribuem para fortalecer a cadeia de reciclagem no país, inclusive remunerando organizações de catadores. É um impacto que vai além do ambiental — ele é também social”, pontua.
Tendência se consolida entre consumidores de maior renda
O estudo revela uma base ampla de engajamento: 92% dos brasileiros demonstram preocupação com a preservação ambiental, enquanto 67% já priorizam produtos com selos de responsabilidade. Os hábitos de separação de resíduos e redução de lixo também são apontados por 78% dos entrevistados.
O comportamento se reflete de forma ainda mais intensa entre as camadas com maior escolaridade e poder aquisitivo. A classe A lidera o movimento de consumo verde no Brasil, sinalizando uma tendência que deve se consolidar com maior rapidez nesse segmento e influenciar outras faixas sociais.
Essa movimentação reforça a percepção de que o apelo à sustentabilidade está longe de ser apenas um modismo ou uma campanha de marketing. “A escolha por um produto com selo ambiental é, na prática, um voto de confiança em empresas que estão repensando sua responsabilidade na cadeia de produção e descarte”, resume Camila.
Compromisso além da embalagem
No modelo defendido pela eureciclo, as empresas não apenas estampam o selo nas embalagens, mas assumem o compromisso de investir na reciclagem de volumes equivalentes aos seus resíduos. O valor é direcionado a cooperativas e centrais de triagem, colaborando com a profissionalização e estruturação do setor.
Hoje, 56% dos consumidores já se dizem mais propensos a comprar produtos com o selo, o que demonstra não só familiaridade com o conceito, mas também disposição para apoiar práticas sustentáveis com o próprio poder de compra.
“A reciclagem é um ciclo que só se sustenta com o engajamento de todos — empresas, consumidores e operadores. O selo é uma peça visível desse sistema, mas o impacto que ele representa é profundo”, conclui Camila.
O estudo ouviu 2.722 pessoas, entre 18 e 79 anos, em todas as regiões do país, entre outubro e dezembro de 2024. Os dados reforçam que, no Brasil, a sustentabilidade começa a ocupar um lugar central na economia do consumo — não apenas como discurso, mas como critério prático de decisão.
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