desenvolvimento sustentável
COP30 termina com avanços limitados e impasses sobre combustíveis fósseis
Por Redação - Em 24/11/2025 às 12:15 AM

Relatórios apresentados durante a conferência reforçaram a dimensão do desafio: cerca de 75% das emissões globais desde 2020 vêm de carvão, petróleo e gás FOTO: Agência Brasil
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, foi encerrada com um acordo considerado tímido por especialistas e negociadores. Apesar da pressão da maior parte dos países, o texto final trouxe poucos compromissos novos e deixou de tocar no ponto mais sensível das discussões: a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
O principal avanço da cúpula foi a decisão de ampliar o apoio financeiro dos países ricos a nações mais vulneráveis, com a promessa de triplicar os recursos destinados à adaptação climática. Ainda assim, não houve consenso sobre metas mais rígidas para redução das emissões, o que frustrou expectativas de governos e organizações presentes.
Na abertura do encontro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a conferência estabelecesse um roteiro concreto para cumprir a promessa feita na COP28 de transição para longe dos combustíveis fósseis. Mas as negociações travaram. Países dependentes de petróleo e gás bloquearam qualquer avanço vinculante, e o assunto acabou reduzido a uma iniciativa voluntária, sem força obrigatória.
Relatórios apresentados durante a conferência reforçaram a dimensão do desafio: cerca de 75% das emissões globais desde 2020 vêm de carvão, petróleo e gás, e a Agência Internacional de Energia projeta demanda crescente por essas fontes até meados do século.
Falta de consenso e ausência dos EUA
A defesa por maior unidade internacional foi um dos poucos pontos com consenso entre as delegações. No entanto, para chegar a um acordo final, países abriram mão de muitas das propostas apresentadas inicialmente.
A ausência dos Estados Unidos — maior emissor histórico — nas negociações centrais foi vista pela presidência brasileira como um fator que fortaleceu países alinhados aos interesses do setor de combustíveis fósseis. Também cresceu a insatisfação com o processo decisório, que permite a poucos vetar avanços cobrados pela maioria.
China se movimenta nos bastidores
Mesmo sem a presença de Xi Jinping, a China teve papel relevante ao reforçar que está disposta a fornecer tecnologias de energia limpa em larga escala. Empresas chinesas de painéis solares, baterias e veículos elétricos tiveram grande destaque no pavilhão do país. Índia e África do Sul também aproveitaram a conferência para projetar agendas próprias ligadas ao clima.
Amazônia em foco, mas sem garantias
Com a COP sediada na região amazônica, o Brasil destacou a importância das florestas e dos povos indígenas para conter o aquecimento global. Houve anúncios que somam US$ 9,5 bilhões para iniciativas florestais, incluindo recursos para o fundo brasileiro e projetos no Congo.
Mas o desfecho decepcionou lideranças indígenas e organizações ambientais. As negociações não avançaram em um plano para cumprir a promessa global de desmatamento zero até 2030 e tampouco reconheceram a proteção de territórios tradicionais como eixo central da ação climática.
Pressão sobre a ciência
O enfraquecimento do papel da ciência também gerou críticas. O texto final deixou de reafirmar o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) como principal referência científica global. A redação passou a colocar os relatórios do IPCC no mesmo nível de outras análises regionais, movimento visto como um recuo diante do aumento da desinformação climática.
Ao terminar sem mencionar combustíveis fósseis e sem novas metas de emissões, a COP30, segundo cientistas e ambientalistas, ignora alertas urgentes da comunidade científica e mantém o mundo distante do caminho necessário para limitar o aquecimento global.
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