CONEXÃO BRASIL-EUROPA

Corredores verdes e parcerias globais marcam o H2LATAM Summit Brazil

Por Marcelo Cabral - Em 10/10/2025 às 1:28 PM

Corredor Verde interligando os portos do Pecém, Roterdã e Duisburg centralizou os debates durante o segundo dia do H2LATAM Summit Brasil                                                         Fotos: Laura Guerreiro/FIEC

O segundo dia do H2LATAM Summit Brazil, realizado nesta quinta-feira (9) na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), teve como destaque o painel ‘Corredores Verdes: Conectando logística e transporte limpos por terra e mar’. A discussão colocou o Porto do Pecém no centro de um projeto estratégico que conecta o Brasil à Europa, consolidando sua posição como polo logístico do Hidrogênio Verde (H²V).

Promovido pelo Programa Internacional de Incentivo do Hidrogênio (H2Uppp), do Ministério Federal da Economia e Energia da Alemanha (BMWi), o evento reúne especialistas, empresas, investidores e representantes governamentais para discutir os rumos da transição energética e o fortalecimento da economia do Hidrogênio Verde.

“Esta é uma reunião de alto nível em andamento, com apresentadores de diversos locais, com o objetivo de discutir o projeto do Corredor Verde, conectando o Porto do Pecém ao Porto de Duisburg. Para isso, dividimos a discussão entre portos e empresas. A apresentação inicial será sobre o status dos projetos no Ceará, com foco naqueles mais avançados e nos acordos com a Europa”, explicou Isabela Maciel, assessora do Senai Ceará para Transição Energética e mediadora do painel.

Parceria logística estratégica

A sessão destacou o fortalecimento da parceria internacional voltada à capacitação de operadores portuários especializados no manuseio de hidrogênio e amônia. Um grupo de trabalho foi estruturado em parceria com a Fortescue, empresa que lidera projetos avançados de produção de Hidrogênio Verde no Hub do Complexo do Pecém.

Johannes Eng, gerente sênior de Projetos Corporativos e Estratégia do Porto de Duisburg (Duisport), ressaltou a posição estratégica do complexo logístico alemão e seu papel na conexão entre os dois continentes. “Temos uma infraestrutura para receber grandes navios e trabalhamos com diversos países, como Suíça, França e Holanda, além de diferentes modais de transporte, entre ferrovias e vias marítimas. Nossa experiência tem construído uma conexão eficiente com o restante do mundo, funcionando como um corredor logístico, especialmente para o transporte de energia entre o Porto do Pecém e o de Roterdã”, detalhou.

Capacitação e segurança operacional

Durante o painel, foi apresentada a Parceria Público-Privada (PPP) entre a alemã TÜV Rheinland e o Senai Ceará, voltada à formação de profissionais especializados no manuseio de equipamentos utilizados na produção e movimentação do Hidrogênio Verde.

“Temos expertise em segurança, e este projeto treinou instrutores do Senai, utilizando conhecimento e apoio de uma empresa holandesa, além de experiências em portos como Roterdã e Hamburgo. O objetivo é replicar essa capacitação em outros portos, garantindo segurança na produção e no manuseio de hidrogênio e seus derivados”, afirmou Kurt Pichler, gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da companhia.

Infraestrutura amplia a competitividade

A Stolthaven Terminals, que possui 15 terminais em operação nas Américas, Europa, Indonésia, Austrália e Nova Zelândia, também apresentou seus planos para o Brasil. A empresa trabalha no desenvolvimento de um terminal compartilhado de amônia no Porto do Pecém, reforçando o potencial do Ceará no mercado internacional de Hidrogênio Verde.

A amônia apresenta desafios de segurança devido à sua toxicidade e temperatura, mas não é inflamável. A iniciativa visa construir dutos para transportar Hidrogênio Verde da Zona de Processamento de Exportação para o terminal no Porto do Pecém, buscando competitividade no mercado global de Hidrogênio Verde”, explicou André Ravara, gerente de Vendas e Marketing da companhia.

Também participaram da discussão Alessandra Grangeiro, gerente de Negócios Industriais e de ZPE do Complexo Industrial e Portuário do Pecém; Jorge Taboada, diretor Executivo da Soventix; Luis Diazgranados, head da Hinicio; e Wouter Demenint, gerente de Programa de Cadeias de Suprimentos de Hidrogênio no Porto de Roterdã.

Representantes dos setores público e privado do Brasil e exterior participaram do evento na Casa da Indústria

Comércio internacional e demanda crescente

No mesmo dia, o Summit sediou o painel ‘Conheça o comprador e o usuário final: Comércio e demanda de exportação de H²V’, que abordou os desafios e oportunidades para a consolidação do mercado global de Hidrogênio Verde. A falta de clareza de preços, a baixa liquidez, as incertezas regulatórias e as barreiras de entrada foram apontadas como entraves ainda significativos.

Bernardo Dörr, gerente de projetos da Hint.co/H2 GlobalExport, apresentou a estratégia da multinacional para dinamizar o setor. “Compramos Hidrogênio Verde de produtores por meio de leilões internacionais, com contratos de longo prazo, e vendemos para compradores, os chamados off-takers, através de contratos de curto prazo. A diferença de preço entre compra e venda é coberta por recursos governamentais. A estratégia visa se beneficiar de futuros aumentos de preço com a implementação de regulamentações, permitindo que o mercado se desenvolva e se torne mais sustentável”, explicou.

Agenda internacional e COP30 no horizonte

Representando o Ministério de Assuntos Econômicos e Clima da Holanda, Carla Robledo, assessora sênior de Políticas, apresentou os objetivos do International Hydrogen Trade Forum para 2025. A meta é estimular a demanda por hidrogênio de baixa emissão e seus derivados, além de esclarecer os requisitos de conformidade da União Europeia para exportadores.

Entre os resultados esperados até a COP30 estão a publicação de uma declaração público-privada de implementação, o mapeamento dos compromissos firmados desde a COP28, a definição de escopos e critérios de exportação, além da divulgação de estudos de caso sobre beneficiamento local.

Brasil no centro da rota energética

Com discussões estratégicas e a presença de líderes internacionais, o H2LATAM Summit Brazil reforça o papel do Ceará e do Porto do Pecém na rota global do Hidrogênio Verde. Ao conectar infraestrutura logística, capacitação profissional e estratégias comerciais, o evento posiciona o Brasil e o Ceará, como atores relevantes na transição energética mundial.

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