Economia Sustentável
Cumprimento da meta climática pode adicionar R$ 6,7 trilhões ao PIB do Brasil até 2050
Por Redação - Em 21/11/2025 às 8:21 AM

A pesquisa destaca que medidas de eficiência energética na indústria, nos transportes e em edificações estão entre as iniciativas que oferecem maior retorno econômico
A COP30 se encerra nesta sexta-feira (21) após duas semanas de debates sobre financiamento climático e caminhos para uma economia de baixo carbono. No mesmo período, um estudo elaborado pela Secretaria Nacional de Planejamento (Seplan/MPO) em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) trouxe novas projeções sobre o papel do Brasil em um cenário de ação climática coordenada. Segundo o levantamento, se o aquecimento global for mantido dentro do limite de 1,5°C até 2100, o país poderá registrar um acréscimo de R$ 6,7 trilhões no PIB até 2050 — um volume equivalente a mais da metade do PIB brasileiro de 2024, calculado em R$ 11,7 trilhões.
A pesquisa destaca que medidas de eficiência energética na indústria, nos transportes e em edificações estão entre as iniciativas que oferecem maior retorno econômico. Somadas, podem elevar o PIB em 4,7% e impulsionar a produtividade em 10 pontos percentuais. A adoção de práticas agrícolas de baixo carbono, como recuperação de pastagens e integração entre lavoura, pecuária e floresta, também figura como estratégia essencial. A construção de infraestrutura preparada para calor extremo, secas e enchentes completa o conjunto de ações com potencial de ganhos relevantes.
Se todos os países adotassem metas climáticas compatíveis com esse limite de aquecimento, o Brasil poderia registrar um incremento anual de R$ 268 bilhões a partir de 2050 — o equivalente a 5% do orçamento federal atual. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste seriam as maiores beneficiadas, com altas estimadas de 50%, 39% e 34% no PIB regional, respectivamente, impulsionadas pela preservação de seus biomas e pela redução de vulnerabilidades socioeconômicas.
O estudo também projeta efeitos positivos no mercado de trabalho: até 1 milhão de empregos adicionais poderiam ser criados, principalmente nos setores florestal e agropecuário. A transição para uma economia mais sustentável também poderia resultar em leve redução no preço dos alimentos, estimada em 0,64%. Para viabilizar esse caminho, seriam necessários R$ 5,2 bilhões ao ano em ações de adaptação.
Quando a meta não é atingida
Os cenários alternativos projetados pelo estudo mostram impactos significativamente maiores. Com um aquecimento de 2°C, os custos anuais de adaptação dobrariam para R$ 10,4 bilhões, e os ganhos econômicos cairiam de forma perceptível. Já em um cenário de 4°C, os efeitos negativos se multiplicam: o Brasil poderia perder R$ 17,1 trilhões no PIB até 2050 (em comparação ao cenário de 1,5°C) e 4,4 milhões de empregos ao longo de 25 anos.
Culturas estratégicas — como café, cana-de-açúcar, soja, milho, feijão e laranja — enfrentariam uma forte redução de produtividade. O abastecimento de água se tornaria mais caro, com aumento estimado de 25% no custo. O sistema energético também ficaria sob pressão, diante do descompasso entre oferta e demanda.
Esse ambiente de maior instabilidade climática teria reflexos macroeconômicos diretos: inflação elevada, desafios fiscais adicionais e redução da produtividade, fatores que poderiam comprometer a trajetória de crescimento do país. No pior dos cenários, as despesas anuais necessárias para adaptação chegariam a R$ 51,6 bilhões, quase dez vezes mais do que no cenário mais favorável.
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