Até o fim de 2026, a taxa de ocupação dos data centers em todo o mundo deve ultrapassar os 95% Foto: Freepik

Com a capacidade global de data centers prestes a atingir o limite, o Brasil desponta como uma das principais apostas para receber novos investimentos em infraestrutura digital. Um estudo do Goldman Sachs Research aponta que, até o fim de 2026, a taxa de ocupação desses centros de processamento de dados deve ultrapassar os 95%, acendendo um alerta sobre a urgência de expansão.

Nesse cenário, o país reúne vantagens estratégicas que o colocam no radar de grandes players globais: espaço disponível, abundância de recursos naturais e matriz energética limpa.

A pressão por mais capacidade vem da crescente adoção de tecnologias como inteligência artificial generativa, Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês), computação em nuvem e veículos autônomos. Todas altamente dependentes de poder computacional. De acordo com o Goldman Sachs, apenas a IA deve gerar um aumento de 165% no consumo de energia dos data centers até 2030.

Recursos naturais e custo competitivo

Diante desse cenário de alta demanda e oferta limitada, o Brasil apresenta um diferencial difícil de ignorar. “Temos espaço, temos energia e temos água — três recursos fundamentais para o setor. Além disso, nosso custo operacional é mais competitivo que o de mercados já saturados”, afirma Leonardo Donato, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da consultoria EY para a América Latina, em entrevista à Agência EY.

Donato destaca ainda a posição privilegiada do país em relação à sustentabilidade. “O aumento do consumo energético causado pelos data centers não é um problema para o Brasil. Temos superávit de energia e já exportamos esse excedente para países vizinhos”, reforça.

Com uma matriz elétrica formada majoritariamente por fontes renováveis, segundo ele, o país se alinha às metas globais de redução de carbono, critério cada vez mais valorizado por investidores.

Governo prepara MP com incentivos ao setor

O movimento do mercado já chamou atenção do governo federal, que prepara uma medida provisória voltada a atrair novos investimentos. A proposta prevê a obrigatoriedade do uso de energia limpa pelos data centers, isenção de imposto de importação sobre equipamentos e desoneração de serviços exportados a partir dessas estruturas.

Em contrapartida, as empresas deverão investir em desenvolvimento regional, pesquisa em inteligência artificial e ações voltadas à sustentabilidade da cadeia produtiva.

“A demanda por capacidade de processamento é contínua e crescente. O governo entendeu que fomentar essa infraestrutura é estratégico. Estamos falando de geração de empregos qualificados, atração de investimento e aumento de arrecadação”, diz Donato.

Enquanto a nova regulação é discutida, grandes empresas já se movimentam. “Nos mercados mais maduros, companhias de varejo e operadoras de telecomunicações estão construindo seus próprios data centers ou firmando parcerias com provedores de infraestrutura digital. Essa tendência já começa a se replicar por aqui”, aponta o executivo da EY. (Com informações da Agência EY)